Vozes negras importam: rememoração e poética da escrita política em Torto Arado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/va.v26.n1.2025.210125

Palavras-chave:

vozes negras, rememoração, poética, escrita política, Torto Arado

Resumo

Vozes negras importam porque rememoram um passado sempre presente. Em Torto arado (VIEIRA JUNIOR, 2019) são as vozes de três mulheres que metaforizam discursivamente a luta pela sobrevivência e o silenciamento da condição de ser mulher, negra e maltratada pela seca, pelo sol e pelo trabalho. Na escrita do romance ressoam as vozes negras do real enredando a vida, a morte e a terra nas vozes negras da ficção. A ficção (re)arranja esse concerto de vozes tornando-as audíveis. A estratégia para orquestrar esse concerto pauta-se pela rememoração e pela poética da escrita política que deflagram a resistência do protagonismo feminino frente aos desmandos do dono da terra e da natureza.

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Biografia do Autor

  • Elisabete Alfeld, Pontificia Universidade Católica de São Paulo

    Doutora em Comunicação e Semiótica, Departamento de Arte da Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes da PUCSP.

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Publicado

2025-05-22

Edição

Seção

Dossiê 45: As Literaturas de autoria afrodescendente no Brasil e em Portugal

Como Citar

ALFELD, Elisabete. Vozes negras importam: rememoração e poética da escrita política em Torto Arado. Via Atlântica, São Paulo, v. 26, n. 1, p. 206–238, 2025. DOI: 10.11606/va.v26.n1.2025.210125. Disponível em: https://revistas.usp.br/viaatlantica/article/view/210125.. Acesso em: 12 nov. 2025.