As Exiladas de Alberto Osório de Castro: o orientalismo e a pluralidade das linguagens da modernidade
DOI:
https://doi.org/10.11606/va.v26.n.1.2025.223705Palavras-chave:
orientalismo, fin-de-siècle, modernismo, modernidade, heterogeneidadeResumo
Alberto Osório de Castro (1868-1946) foi um poeta, cientista e erudito português. Tal como o seu parente e amigo Camilo Pessanha, trabalhou como magistrado da carreira colonial, tendo vivido largas décadas longe da metrópole, em Goa, Angola e Timor, espaços onde foi publicando, de forma espaçada, a sua obra poética e científica. Interessa, neste texto, estudar os poemas recolhidos em seu primeiro livro, com o título Exiladas (Coimbra, 1895), em busca de uma poesia que pode ver lida como sendo, a vários níveis, plural, no que propomos uma recolocação crítica de Alberto Osório de Castro como figura de primeiro plano na renovação da poesia finissecular portuguesa. Integrando na hermenêutica da obra de Osório de Castro a evidência de seu manejo de registos estético-ideológicos variados, apontaremos para um experimentalismo que trabalha um bom número de poéticas situáveis entre o Parnasianismo e as correntes finisseculares, tocando já o Modernismo. É esse experimentalismo que mais fortemente remete o nome do poeta para a modernidade estética, sobretudo no sentido em que o carácter caótico e irresoluto deste gesto seria essencialmente moderno. O orientalismo surge na literatura portuguesa finissecular como um forte sintoma dessa modernidade de que falamos, sendo afinal como que uma estética/poética fornecedora de material “exótico”, o que é essencial para a proposta literária de Osório de Castro.
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