“Trabalho de índio” na 13a Bienal de São Paulo? Aritana Yawalapíti na Sala Xingu Terra (1975)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2178-0447.ars.2025.222443Palavras-chave:
Sala Xingu Terra, 13a Bienal de São Paulo, Aritana Yawalapíti, Representação indígenaResumo
Com a recente virada representacional efetuada nos espaços expositivos de arte, a Sala Xingu Terra (1975) tornou-se referência constante, embora nunca aprofundada, por configurar a primeira presença indígena em uma Bienal de São Paulo. O cruzamento de fontes arquivísticas, bibliográficas e entrevistas realizadas pela autora buscou suprir essa lacuna ao traçar um percurso historiográfico crítico, cuja ênfase recai sobre a construção da presença indígena naquele evento, bem como sobre o estatuto artístico das produções indígenas frente ao corpus consolidado da arte ocidental. Alterações paradigmáticas — tanto no regime de autoria quanto no regime de representação — convocam a uma leitura a contrapelo da participação de Aritana Yawalapíti na 13ª Bienal, que ocorreu sob chave tutelar e foi marcada por ambiguidades e alianças afetivas.
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