CHAMADA Revista Aspas 16.1 TRANSEN[CENA]: Transgeneridades e Artes Cênicas: Corpos em Criação, Saberes em Movimento
A Revista Aspas, publicação do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da ECA/USP, anuncia que entre 13 de outubro de 2025 e 31 de janeiro de 2026 estará com chamada aberta para recebimento de textos para sua edição 16.1 TRANS-EN[CENA]: Transgeneridades e Artes Cênicas: Corpos em Criação, Saberes em Movimento, inteiramente dedicada a pessoas transgêneras, travestis, não bináries e dissidências de gênero que atuam no campo das Artes da Cena. Pela primeira vez em sua história, a revista organiza uma edição na qual a transgeneridade não é unicamente resumida a uma temática, mas reconhecida como um campo de produção de tecnologias, estéticas e epistemes contra hegemônicas.
Epistemologias transgêneras são críticas vivas às estruturas que historicamente se pretendem neutras, modos de existência que se insurgem contra as narrativas únicas, que recusam a estabilidade da forma e do conceito, e que desautorizam o universal como projeto. Seu potencial iconoclasta não apenas advém do campo interseccional entre Arte e Gênero, mas justamente coloca em questionamento ontológico as próprias noções de Arte e Gênero.
Das experimentações radicais com o corpo e a vida, surgem perguntas que ainda não sabemos responder. Talvez nunca saibamos, mas isso pouco importa: o fundamental é o mundo infinito de pesquisa que elas movimentam. As epistemologias trans nascem de prática, suor, insegurança, violência, orgasmo, inquietação, dúvida, experimentação, memória, e propõem metodologias que não estão nos modos convencionais de pensar artes cênicas: travecametodologias, desobediências performativas, arquivos orais, fabulações documentais, saberes hormonais, dramaturgias do abismo, poéticas da transição.
Trabalhos como os de Isadora Ravena, Jota Mombaça, Morgana Manfrin e Oliver Olívia mostram que os corpos trans não estão apenas em cena, mas criando cenas, e portanto ideias, inventando formas, revirando a própria noção de pesquisa. Ser artista e pesquisador trans da cena é ser matéria e pensamento ao mesmo tempo. Nossas criações não explicam: elas expõem, convocam, arriscam e encarnam. Queremos mais esses riscos, essas presenças, essas perguntas. Por isso, aqui indagamos:
- Que dispositivos de saber têm sido criados por artistas e pesquisadores trans a partir de suas vivências e dos atravessamentos do gênero?
- De que forma a transição, a travestilidade e a não binariedade se tornam elementos propulsores de formas cênicas e investigativas singulares?
- Como corpos trans desestabilizam narrativas lineares, formatos hegemônicos, lógicas institucionais?
- Que imagens, estéticas, memórias e políticas emergem das práticas artísticas trans nas artes da cena?
- Como os atravessamentos de raça, classe, território, sexualidade e colonialidade reverberam nas epistemologias transgêneras?
- Que dilemas éticos envolvem a exposição do corpo trans em cena? Onde começa a visibilidade e onde ela se transforma em violência simbólica ou espetáculo do trauma?
- Quais espaços ainda precisam ser abertos nas políticas culturais, festivais, instituições acadêmicas e artísticas para acolher práticas trans dissidentes sem assimilá-las ou neutralizá-las?
Esta edição especial se dirige exclusivamente a pessoas trans, mas não apenas a quem pesquisa a temática trans: a todes aqueles que, sendo trans, atuam, escrevem, dirigem, performam, pensam ou produzem cenas. Acreditamos que ser trans — no corpo, no gesto, no texto — já constitui uma perspectiva situada no mundo, um modo de fazer e de saber que desafia protocolos, desloca as margens do aceitável e propõe outras centralidades. Aqui, o convite não se limita ao tema: o convite é o corpo, a história, o risco, a fabulação, a coragem de estar em cena. A reflexão e o debate têm sido fundamentais para reconfigurar os modos como entendemos a arte trans na cena contemporânea. Ao se colocarem como matéria viva de suas investigações, artistas-pesquisadores trans deslocam a noção tradicional de autoria e método, instaurando uma estética da urgência, da dissidência e do delírio. É nesse campo pulsante que este número se inscreve. O que nos move é justamente a escuta dessas fabulações transviadas — e é com alegria que nos colocamos também como editores desta edição, comprometidos em construir um território comum de experimentação e crítica.
Queremos acolher trabalhos que tensionam não só os conteúdos, mas as formas, os formatos, os dispositivos, os inícios: textos que não apenas discutam identidades, mas que se deixem afetar por elas na escrita, na pesquisa, na ética, na estética. Esperamos investigações que brotam de práticas vividas, que se constroem com as marcas da carne, da memória, do afeto, da travessia, do improviso e da recusa.
Serão aceitos artigos acadêmicos, ensaios, textos performativos, relatos de práticas artísticas, investigações teórico-práticas, autoetnografias e críticas que dialoguem com os temas desta chamada. Os textos podem ser escritos em português ou inglês e devem seguir as normas editoriais da Revista Aspas.
São especialmente bem-vindas propostas coletivas, colaborações entre artistas e pesquisadores, ou escritas que performam aquilo que anunciam.
O dossiê TRANSEN[CENA]: Transgeneridades e Artes Cênicas: Corpos em Criação, Saberes em Movimento, que tem como editores os alunos de pós-graduação do PPGAC/ECA/USP Douglas Ricci Rosa, Morgana Manfrin e Oliver Olívia, é um convite à criação radical: um gesto de abertura para que os saberes trans deixem de ser exceção e passem a ocupar, com centralidade e potência, o campo das artes cênicas contemporâneas, sem freios, concessões, ou negociações impeditivas com a norma. Queremos ser atravessades pela mesma brutalidade poética de alterar nossos corpos, nomes, linguagem e conceitos. Sem mediação.
CONVOCATORIA Revista Aspas 16.1 TRANSEN[CENA]: Transgeneridades y Artes Escénicas: Cuerpos en Creación, Saberes en Movimiento
TRANSEN[CENA]: Transgeneridades y Artes Escénicas: Cuerpos en Creación, Saberes en Movimiento
La Revista Aspas, publicación del Programa de Posgrado en Artes Escénicas de la ECA/USP, anuncia que entre el 13 de octubre de 2025 y el 31 de enero de 2026 tendrá abierta la convocatoria para la recepción de textos para su edición 16.1 TRANS-EN[CENA]: Transgeneridades y Artes Escénicas: Cuerpos en Creación, Saberes en Movimiento, enteramente dedicada a personas transgéneras, travestis, no binaries y disidencias de género que actúan en el campo de las Artes de Escénicas. Por primera vez en su historia, la revista organiza una edición en la cual la transgeneridad no es únicamente resumida a una temática, sino reconocida como un campo de producción de tecnologías, estéticas y epistemes contrahegemónicas.
Las epistemologías transgéneras son críticas vivas a las estructuras que históricamente se pretendieron neutrales, modos de existencia que se sublevan contra las narrativas únicas, que rechazan la estabilidad de la forma y del concepto, y que desautorizan lo universal como proyecto. Su potencial iconoclasta no solo proviene del campo interseccional entre Arte y Género, sino que justamente pone en cuestión ontológica las propias nociones de Arte y Género.
De las experimentaciones radicales con el cuerpo y la vida, surgen preguntas que aún no sabemos responder. Tal vez nunca lo sepamos, pero eso importa poco: lo fundamental es el mundo infinito de investigación que ellas movilizan. Las epistemologías trans nacen de la práctica, sudor, inseguridad, violencia, orgasmo, inquietud, duda, experimentación, memoria, y proponen metodologías que no están en los modos convencionales de pensar las artes escénicas: travecametodologías, desobediencias performativas, archivos orales, fabulaciones documentales, saberes hormonales, dramaturgias del abismo, poéticas de la transición.
Trabajos como los de Isadora Ravena, Jota Mombaça, Morgana Manfrin y Oliver Olívia muestran que los cuerpos trans no están solo en escena, sino creando escenas y, por lo tanto, ideas, inventando formas, dando vuelta la propia noción de investigación. Ser artista e investigador trans de la escena es ser materia y pensamiento al mismo tiempo. Nuestras creaciones no explican: exponen, convocan, arriesgan y encarnan. Queremos más esos riesgos, esas presencias, esas preguntas. Por eso, aquí indagamos:
- ¿Qué dispositivos de saber han sido creados por artistas e investigadores trans a partir de sus vivencias y de los cruces del género?
- ¿De qué forma la transición, la travestilidad y la no binariedad se vuelven elementos propulsores de formas escénicas e investigativas singulares?
- ¿Cómo los cuerpos trans desestabilizan narrativas lineales, formatos hegemónicos, lógicas institucionales?
- ¿Qué imágenes, estéticas, memorias y políticas emergen de las prácticas artísticas trans en las artes de la escena?
- ¿Cómo los cruces de raza, clase, territorio, sexualidad y colonialidad reverberan en las epistemologías transgéneras?
- ¿Qué dilemas éticos implica la exposición del cuerpo trans en escena? ¿Dónde comienza la visibilidad y dónde se transforma en violencia simbólica o espectáculo del trauma?
- ¿Qué espacios aún deben abrirse en las políticas culturales, festivales, instituciones académicas y artísticas para acoger prácticas trans disidentes sin asimilarlas o neutralizarlas?
Esta edición especial se dirige exclusivamente a personas trans, pero no solo a quienes investigan la temática trans: a todes aquelles que, siendo trans, actúan, escriben, dirigen, performan, piensan o producen escenas. Creemos que ser trans —en el cuerpo, en el gesto, en el texto— ya constituye una perspectiva situada en el mundo, un modo de hacer y de saber que desafía protocolos, desplaza los márgenes de lo aceptable y propone otras centralidades. Aquí, la invitación no se limita al tema: la invitación es el cuerpo, la historia, el riesgo, la fabulación, el coraje de estar en escena. La reflexión y el debate han sido fundamentales para reconfigurar los modos en que entendemos el arte trans en la escena contemporánea. Al colocarse como materia viva de sus investigaciones, artistas-investigadores trans desplazan la noción tradicional de autoría y método, instaurando una estética de la urgencia, de la disidencia y del delirio. Es en este campo pulsante que este número se inscribe. Lo que nos mueve es justamente la escucha de esas fabulaciones transviadas —y es con alegría que nos ponemos también como editores de esta edición, comprometidos en construir un territorio común de experimentación y crítica.
Queremos acoger trabajos que tensionen no solo los contenidos, sino las formas, los formatos, los dispositivos, los comienzos: textos que no solo discutan identidades, sino que se dejen afectar por ellas en la escritura, en la investigación, en la ética, en la estética. Esperamos investigaciones que broten de prácticas vividas, que se construyan con las marcas de la carne, de la memoria, del afecto, de la travesía, de la improvisación y de la negativa.
Se aceptarán artículos académicos, ensayos, textos performativos, relatos de prácticas artísticas, investigaciones teórico-prácticas, autoetnografías y críticas que dialoguen con los temas de esta convocatoria. Los textos pueden ser escritos en portugués o inglés y deben seguir las normas editoriales de la Revista Aspas.
Son especialmente bienvenidas propuestas colectivas, colaboraciones entre artistas e investigadores, o escrituras que performen aquello que anuncian.
El dossier TRANSEN[CENA]: Transgeneridades y Artes Escénicas: Cuerpos en Creación, Saberes en Movimiento, que tiene como editores a los estudiantes de posgrado del PPGAC/ECA/USP Douglas Ricci Rosa, Morgana Manfrin y Oliver Olívia, es una invitación a la creación radical: un gesto de apertura para que los saberes trans dejen de ser excepción y pasen a ocupar, con centralidad y potencia, el campo de las artes escénicas contemporáneas, sin frenos, concesiones o negociaciones impeditivas con la norma. Queremos ser atravesades por la misma brutalidad poética de alterar nuestros cuerpos, nombres, lenguaje y conceptos. Sin mediación.
CALL FOR SUBMISSIONS Revista Aspas 16.1 TRANSEN[CENA]: Transgenderities and Performing Arts: Bodies in Creation, Knowledges in Motion
TRANSEN[CENA]: Transgenderities and Performing Arts: Bodies in Creation, Knowledges in Motion
Revista Aspas, a publication of the Graduate Program in Performing Arts at ECA/USP, announces that from October 13, 2025 to January 31, 2026 it will be open for submissions for its 16.1 issue TRANS-EN[CENA]: Transgenderities and Performing Arts: Bodies in Creation, Knowledges in Motion, entirely dedicated to transgender people, travestis, non-binary people, and gender dissidents working in the field of Performing Arts. For the first time in its history, the journal is organizing an issue in which transgenerity is not merely framed as a topic, but recognized as a field that produces counter-hegemonic technologies, aesthetics, and epistemes.
Transgender epistemologies are living critiques of structures that have historically claimed neutrality—modes of existence that rise up against single narratives, that refuse the stability of form and concept, and that deauthorizes the universal as a project. Their iconoclastic potential not only comes from the intersection between Art and Gender, but also ontologically challenges the very notions of Art and Gender themselves.
From radical experiments with body and life emerge questions we still do not know how to answer. Perhaps we never will, but that matters little: what is fundamental is the infinite world of research they set in motion. Trans epistemologies are born from practice, sweat, insecurity, violence, orgasm, restlessness, doubt, experimentation, memory, and they propose methodologies that are not found in conventional ways of thinking performing arts: travecamethodologies, performative disobediences, oral archives, documentary fabulations, hormonal knowledges, dramaturgies of the abyss, poetics of transition.
Works such as those by Isadora Ravena, Jota Mombaça, Morgana Manfrin, and Oliver Olívia show that trans bodies are not only on stage, but creating stages—and therefore ideas—inventing forms, overturning the very notion of research. To be a trans performing-arts artist and researcher is to be matter and thought at the same time. Our creations do not explain: they expose, summon, risk, and embody. We want more of these risks, these presences, these questions. That is why we ask here:
- What knowledge devices have been created by trans artists and researchers from their lived experiences and gender crossings?
- In what ways do transition, travestility, and non-binarity become driving forces for singular scenic and investigative forms?
- How do trans bodies destabilize linear narratives, hegemonic formats, and institutional logics?
- What images, aesthetics, memories, and politics emerge from trans artistic practices in the performing arts?
- How do intersections of race, class, territory, sexuality, and coloniality reverberate in transgender epistemologies?
- What ethical dilemmas are involved in exposing the trans body on stage? Where does visibility begin, and where does it turn into symbolic violence or a spectacle of trauma?
- What spaces still need to be opened within cultural policies, festivals, academic institutions, and artistic institutions to welcome dissident trans practices without assimilating or neutralizing them?
This special issue is addressed exclusively to trans people, but not only to those who research trans themes, but to all of those who, as being trans, act, write, direct, perform, think, or create scenes. We believe that being trans—through the body, gesture, text—already constitutes a situated perspective in the world, a way of doing and knowing that challenges protocols, shifts the margins of what is acceptable, and proposes other centralities. Here, the invitation is not limited to a theme: the invitation is the body, the story, the risk, the fabulation, the courage of being on stage. Reflection and debate have been fundamental in reconfiguring how we understand trans art in contemporary performance. By making themselves living matter within their investigations, trans artist-researchers displace traditional notions of authorship and method, establishing an aesthetics of urgency, dissidence, and delirium. This issue is inscribed within that pulsating field. What moves us is precisely the listening to these wayward trans fabulations—and it is with joy that we also position ourselves as editors of this issue, committed to building a shared territory of experimentation and critique.
We aim to welcome works that tension not only content, but also forms, formats, devices, beginnings: texts that do not merely discuss identities, but allow themselves to be affected by them in writing, research, ethics, and aesthetics. We expect investigations that spring from lived practices, built with the marks of flesh, memory, affection, passage, improvisation, and refusal.
We will accept academic articles, essays, performative texts, accounts of artistic practices, theoretical-practical investigations, autoethnographies, and critical pieces that engage with the themes of this call. Texts may be written in Portuguese or English and must follow Revista Aspas editorial guidelines.
Collective proposals, collaborations between artists and researchers, or writings that perform what they announce are especially welcome.
The dossier TRANSEN[CENA]: Transgenderities and Performing Arts: Bodies in Creation, Knowledges in Motion, edited by PPGAC/ECA/USP graduate students Douglas Ricci Rosa, Morgana Manfrin, and Oliver Olívia, is an invitation to radical creation: a gesture of opening so that trans knowledges cease being an exception and come to occupy—with centrality and power—the field of contemporary performing arts, without brakes, concessions, or norm-blocking negotiations. We want to be crossed through by the same poetic brutality of altering our bodies, names, language, and concepts. Without mediation.
