1968 e o processo cultural brasileiro
anticapitalismo, relações de produção, pesquisa estético-política e revolução
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-3999.v8i2p1-8Palavras-chave:
1968, Artes cênicasResumo
O período em torno de 1968, que costuma ser, principalmente no campo dos estudos culturais, associado à contracultura, quando não ao desbunde total e geral, foi também quando se viu abrir uma clareira deflagradora de importantes transformações anticapitalistas. Ou como diz Iná Camargo Costa em entrevista publicada nesta edição da revista Aspas: “Em 1968 houve a última grande tentativa mundial de acabar com o capitalismo e foi derrotada.” De acordo com essa perspectiva, procuramos pensar os acontecimentos que marcaram esse emblemático ano, tentando dissipar de nosso horizonte certa tendência à mistificação que paira sobre os fatos e esfumaça sua importância política. Afinal de contas, refletir sobre o impacto da experiência de 1968, que completou cinquenta anos em 2018, no Brasil, significa pensar o movimento da luta armada contra a ditadura, as memoráveis greves operárias de Osasco e Contagem, a passeata conhecida como a dos “Cem Mil” no Rio de Janeiro, a Batalha da Maria Antônia em São Paulo. Internacionalmente, estudantes e trabalhadores desafiavam o poder no Maio francês, a Tchecoslováquia lutava contra o domínio soviético na Primeira de Praga, estudantes protestavam contra a intervenção militar na Universidade Nacional Autônoma, na cidade de Tlatelolco, no México, pessoas de todas as partes do mundo se manifestavam contra a Guerra do Vietnã, os negros estadunidenses defendiam publicamente
os seus direitos e Martin Luther King era assassinado. Ideias e atos revolucionavam o mundo, engendrando os elementos de uma nova sociedade, ao que o sistema capitalista reagiu das formas mais violentas possíveis, como no Brasil, com a decretação do Ato Institucional nº 5, o golpe dentro do golpe, que invalidava todo e qualquer direito constitucional.
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