O sagrado e as mulheres quilombolas: experiência religiosa e rezadeiras da comunidade do Baixão - BA
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v30i1pe172066Palavras-chave:
Gênero, Símbolos, Ancestralidade, Experiência religiosaResumo
O artigo pretende compreender a experiência religiosa de mulheres rezadeiras da Comunidade Quilombola do Baixão, localizada na região Sudoeste da Bahia. A pesquisa realizada durante o período de outubro de 2016 a março de 2018, que teve como metodologia de trabalho a História Oral, permitiu compreender como as imagens e os símbolos relacionados ao catolicismo e aos saberes de matriz africana estão em processos contínuos de negociação e se engendram em outras redes que regulam o cotidiano da comunidade, traduzindo no que definimos como a experiência religiosa na comunidade do Baixão. Para a apreensão dessa experiência, a figura de duas rezadeiras, mais conhecidas como Dona Tuga e Dona Bezinha, é o elemento chave e representa a memória, os saberes, e especialmente, a presença simbólica de um antepassado. Os seus altares tornaram-se o centro da nossa análise porque contam muito da história de suas rezadeiras e da comunidade, trata-se de um espaço sacralizado e socialmente identificado.
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