Uma ascese perversa: uma leitura barthesiana de O caderno rosa de Lori Lamby (1990), de Hilda Hilst
DOI :
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i35p276-306Mots-clés :
Hilda Hilst, Roland Barthes, Texto de gozo, Recepção, LeitorRésumé
Este artigo propõe uma leitura de O caderno rosa de Lori Lamby (1990), por meio das noções de texto de prazer e texto de gozo, presentes na obra O prazer do texto (1973), de Roland Barthes. A hipótese principal trabalhada aqui, arregimentada pela fortuna crítica de Hilst (Rosenfeld, Muzart, Moraes, Pécora, Hansen, Silva, entre outros) é a de que a obra hilstiana em questão pode ser lida enquanto um texto de gozo, já que produz uma fenda, uma ruptura, uma transgressão em relação à ordem social. Há também, neste artigo, uma proposta de leitura da obra em questão enquanto um texto de prazer. Além dessas proposições de leitura, uma discussão sobre a figura do leitor e sua função no processo de atribuição de sentidos ao texto literário é realizada e, para tal, autores como Barthes, Perrone-Moisés e Culler são convocados ao debate. Por fim, algumas apreciações sobre O caderno rosa de Lori Lamby (1990) presentes em sites como Amazon e Goodreads são analisadas, de maneira a observar a recepção atual dessa obra por leitores “comuns”. Este artigo, portanto, em consonância com a chamada “Travessias da crítica na América Latina” tem a intenção de explorar os ecos dos textos barthesianos nas obras literárias latino-americanas e em suas recepções, contribuindo com os estudos de Barthes e Hilst no Brasil, revisitando seus textos e suscitando novas (e plurais) leituras em torno dessas produções.
##plugins.themes.default.displayStats.downloads##
Références
ABREU, Caio Fernando. A festa erótica de HH. In: HILST, HILDA. Pornô chic. São Paulo: Globo, 2014. p. 256–264.
AZEVEDO FILHO, Deneval S. Holocausto das fadas: a trilogia obscena e o Carmelo Poético de Hilda Hilst. 1996. 112 f. Dissertação (Mestrado em Teoria Literária) – Programa dePós- Graduação em História e Teoria Literária, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1996.
BARTHES, Roland. (1973). Le plaisir du texte. In: . Oeuvres complètes, t. IV. Paris: Éditions du Seuil, 2002a. p. 217-267.
BARTHES, Roland. (1971). Sade, Fourier e Loyola. Tradução: Mario Laranjeira; revisão da tradução: Andréa Stahel M. da Silva. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
BARTHES, Roland. (1964). A metáfora do olho. 3. ed. Tradução: Samuel Titan Jr. In: História do olho. São Paulo: Cosac Naify, 2015.
BATAILLE, Georges. História do olho. Tradução: Glória Correia Ramos. São Paulo: Escrita, 1981.
BATAILLE, Georges. O erotismo. Tradução: Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
BEAUVOIR, Simone de. Privilèges. Paris: Gallimard, 1955.
BRANCO, Lúcia C.; BRANDÃO, Ruth, S. In: Literaterras: as bordas do corpo literário. São Paulo: AnnaBlume, 1995.
CULLER, Jonathan. Sobre a desconstrução: teoria e crítica do pós-estruturalismo. Tradução: Patrícia Burrowes. Rio de Janeiro: Record; Rosa dos Tempos, 1982.
DINIZ, Cristiano (org.). Fico besta quando me entendem: entrevistas com Hilda Hilst. São Paulo: Globo, 2013.
DUARTE, Edson. A recepção da literatura de Hilda Hilst. Palimpsesto, Rio de Janeiro, n. 18, p.135-145, jul./ago. 2014. Disponível em: . Acesso em: 01 dez. 2022.
FERNANDES, Bruna K. O. Além do ponto G, o ponto H: a pornocracia como objeto literário de Hilda Hilst. 2020. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2020.
HANSEN, João Adolfo; PÉCORA, Alcir. Tu, minha anta, HH. In: HILST, HILDA. Pornô chic. São Paulo: Globo, 2014. p. 252-256.
HILST, Hilda. Pornô chic. São Paulo: Globo, 2014
HILST, Hilda. O caderno rosa de Lori Lamby. São Paulo: Massao Ohno, 1990.
HILST, Hilda. (1990). O caderno rosa de Lori Lamby. In: . Da poesia: obras completas. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 103-153.
MICHAELIS: Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. São Paulo: Editora Melhoramentos LTDA, 2015. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/. Acesso em: 25 maio.2023.
MORAES, Eliane R. Da medida estilhaçada. Cadernos de Literatura Brasileira: Hilda Hilst, São Paulo, n. 8, p. 114-126, out. de 1999.
MORAES, Eliane R. Prosa degenerada. In: HILST, Hilda. Pornô chic. São Paulo: Globo, 2014. p. 264-270.
MUZART, Zahidé L. Notas marginais sobre o erotismo em O caderno rosa de Lori Lamby. Travessia, Florianópolis, n. 22, 1991.
PÉCORA, Alcir. Nota de apresentação. In: HILST, Hilda. Com os meus olhos de cão. São Paulo: Globo, 2005. p. 5-10.
PÉCORA, Alcir. Cinco pistas para a prosa de ficção de Hilda Hilst. In: HILST, HILDA. Da prosa: obras completas. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 407-419.
PERRONE-MOISÉS, Leyla. Lição de casa. In: BARTHES, Roland. Aula. Tradução: Leyla Perrone-Moisés. 14. ed. São Paulo: Cultrix, 2013. p. 22-46.
PURCENO, Sonia. “Ensaio de leitura”. In: PÉCORA, Alcir (org.). Por que ler Hilda Hilst. São Paulo: Globo, 2010.
RIMBAUD, Arthur. Une saison en enfer. Paris: Gallimard, 1999.
ROSENFELD, Anatol. Poeta, narradora, dramaturga (1970). Disponível em:
<https://www.angelfire.com/ri/casadosol/criticaar.html>. Acesso em: 10 fev. 2022.
SILVA, Natália M. Úmido de cio e inocência: o pornográfico manipulado em Hilda Hilst. Dissertação (Mestrado Estudos Literários) – Universidade do Estado do Mato Grosso, Tangará da Serra, 2020. Disponível em:
<http://portal.unemat.br/media/files/PPGEL/Teses%20e%20disserta%C3%A7%C3%B5es/Di ssertacao_final-Natalia%20Marques%20da%20Silva.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2022.
WERNECK, Humberto. Hilda se despede da seriedade. In: HILST, Hilda. Pornô chic. São Paulo: Globo, 2014. p. 244-252.
Téléchargements
Publiée
Numéro
Rubrique
Licence

Ce travail est disponible sous licence Creative Commons Attribution - Pas d’Utilisation Commerciale - Partage dans les Mêmes Conditions 4.0 International.
Les auteurs qui publient dans cette revue acceptent les termes suivants :
- Les auteurs conservent le droit d'auteur et accordent à la revue le droit de première publication, avec le travail sous la Licence Creative Commons Attribution qui permet le partage du travail avec reconnaissance de l'auteur et de la publication initiale dans cette revue scientifique.
- Les auteurs sont autorisés à assumer des contrats supplémentaires séparément, pour une distribution non exclusive de la version de la contribution publiée dans cette revue (par exemple, publication institutionnelle ou en tant que chapitre de livre), avec reconnaissance de la publication initiale et originale dans cette revue.
- Les auteurs sont autorisés et encouragés à publier et distribuer leur travail en ligne (par exemple auprès de leurs institutions ou sur leur page personnelle) à tout moment avant ou pendant le processus éditorial, car cela peut générer des échanges académiques productifs, ainsi qu'une croissance de l'impact et de la citation de l'article publié (Voir The Effect of Open Access).