Tornar-se indivíduos: processos de individualização e reflexividade
DOI:
https://doi.org/10.1590/S1678-4634202349270106engPalavras-chave:
Juventude, Individualização, Individualismo, Reflexividade dialógica, ItineráriosResumo
O artigo pretende mostrar como os jovens adultos (começando com pesquisas empíricas na Itália, mas com a aspiração de destacar fenômenos mais difusos entre os jovens que crescem na experiência constante da ‘crise’) enfrentam a injunção generalizada de serem ativos, criativos, flexíveis e independentes, ou seja, serem empreendedores de si mesmos. Os jovens nascidos no final do século passado cresceram em meio a crises contínuas – econômicas, de saúde e geopolíticas – que acentuaram a tensão entre o impulso social pela autonomia pessoal e uma consciência crescente da incapacidade de resolver individualmente os problemas que são sistêmicos. Embora a pressão para desenvolver um eu empreendedor e internalizar o impulso para a individualização possa se sobrepor ao desenvolvimento de uma forma de individualismo, eles também podem promover novas formas de sociabilidade, baseadas no compartilhamento e na cooperação. Essas formas são fortemente sustentadas pela reflexividade dialógica, ou seja, por condições sociais que promovem processos de inovação e mudança a partir de ações comuns e confronto constante com diferentes pontos de vista. Apresentando o conceito de reflexividade dialógica, o artigo analisa as práticas que os jovens desenvolvem para apoiar formas de individualização libertas do mero individualismo e como a pesquisa social e as políticas públicas podem fomentar processos reflexivos e criar condições favoráveis à participação e inclusão juvenil.
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