A coragem de ler e escrever na escola brasileira

Autores

  • Betina Schuler Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1678-4634202450276579

Palavras-chave:

Leitura, Escrita, Escola, Mestre, Parrésia

Resumo

Precisamos de coragem para ler e escrever na escola brasileira no presente? Quais os efeitos dos modos de ler e escrever na escola, em se tratando da condução das condutas em tempos de ataques às escolas, aos professores e aos livros? A partir de tais problematizações, tendo em conta os estudos foucaultianos sobre a genealogia da subjetivação, neste artigo, enquanto ensaio teórico, parte-se da perspectiva de que o ethos é o ponto de articulação entre dizer a verdade e o bem conduzir-se e conduzir os demais. Inspirando-nos principalmente na obra de Foucault A coragem da verdade , faz-se um recorte temático para perguntar pelos modos de ler e escrever na escola hodiernamente. Para tanto, pensa-se sobre os modos de veridição que operam no presente quando se trata das práticas de leitura e escrita, bem como sobre a força desse outro que nos atravessa quando lemos e escrevemos na escola. Sem buscar uma aplicação fácil ou anacrônica, conjecturam-se a composição e a força do ensino no presente, atravessadas por algumas características específicas da parrésia , para tomar tal ferramental analítico, considerando-se as práticas de leitura e de escrita e a figura do mestre em suas relações, ainda, como um ato de coragem. Essa postura está conectada a uma crítica em nosso presente, na defesa da democratização do acesso e do exercício de tais práticas como exercícios possíveis de certo cuidado de si.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ADORNO, Theodor W. Educação e emancipação. Tradução de Wolfgang Leo Maar. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2020.

ALLOA, Emmanuel. O corpo da imagem: a imagem do corpo. Tradução de Helano Ribeiro. Porto Alegre: Zouk, 2021.

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 2012.

BRITTO, Luiz Percival Leme. Ao revés do avesso: leitura e formação. São Paulo: Pulo do Gato, 2015.

BUTLER, Judith. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? 3. ed. Tradução de Sérgio Lamarão e Arnaldo M. da Cunha. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

CASTELLO, Luis A.; MÁRSICO, Claudia T. Oculto nas palavras: dicionário etimológico para ensinar e aprender. Tradução de Ingrid Muller Xavier. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

DELEUZE, Gilles. Post-scriptum sobre as sociedades de controle. In: DELEUZE, Gilles. Conversações. 1972-1990. Tradução de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro: 34, 2008. p. 219-226.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Que emoção! Que emoção? Tradução de Cecília Ciscato. São Paulo: 34, 2016.

FOUCAULT, Michel. A coragem da verdade: o governo de si de e dos outros II. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2011. Curso no Collège de France (1983-1984).

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. 25. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio P. Giachini. Petrópolis: Vozes, 2017a.

HAN, Byung-Chul. Topologia da violência. Tradução de Enio P. Giachini. Petrópolis: Vozes, 2017b.

LAVAL, Christian. A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público. Tradução de Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2019.

LAZZARATO, Maurizio. Signos, máquinas, subjetividades. Tradução de Paulo D. Oneto. São Paulo: Sesc; n-1, 2014.

PETIT, Michèle. A arte de ler: ou como resistir à adversidade. Tradução de Arthur Bueno e Camila Boldrini. 2. ed. São Paulo: 34, 2010.

PLATÃO. Apologia. In: BONJOUR, Laurence, BAKER, Ann. Filosofia: textos fundamentais comentados. 2. ed. São Paulo: Artmed, 2010. p. 51-62.

SÊNECA, Lúcio Anneo. Cartas à Lucílio. 6. ed. Tradução de J. A. Segurado e Campos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2018.

SKÁRMETA, Antonio. O dia em que a poesia derrotou um ditador. Tradução de Luís Carlos Cabral. Rio de Janeiro: Record, 2020.

SOUZA, Jessé. A elite do atraso: da escravidão à Bolsonaro. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2019.

SOUZA, Ricardo Timm de. Ética do escrever: Kafka, Derrida e a literatura como crítica da violência. Porto Alegre: Zouk, 2018.

Downloads

Publicado

2024-05-20

Como Citar

A coragem de ler e escrever na escola brasileira. (2024). Educação E Pesquisa, 50, e276579. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202450276579