Reconstruindo laços na comunidade escolar como forma de combater a violência e o racismo
DOI:
https://doi.org/10.1590/S1678-4634202551287042Palavras-chave:
Educação dialogada e emancipatória, Formação de professores, Perspectiva comunitarista e insurgente, Ancestralidade e culturas afrodiaspóricas, decolonialidadeResumo
Este artigo apresenta recortes de uma pesquisa de campo envolvendo a atuação transdisciplinar e afro-referenciada, articulada com a Teoria Crítica, de estudantes de pós-graduação, profissionais e arte-educadores em uma escola pública situada em uma região periférica de São Paulo, ao longo de três anos, como parte de uma pesquisa mais ampla em outras unidades escolares de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraíba. A proposta de apresentar os diversos âmbitos da pesquisa visa demonstrar a articulação entre diferentes intervenções em três esferas: docências compartilhadas, formação docente e o aprofundamento do debate étnico-racial no grupo operativo. Procurou-se refletir, de um lado, sobre as violências cometidas no cotidiano escolar e formas de combatê-la por meio de uma educação dialogada e emancipatória. De outro, foram destacados os principais obstáculos encontrados na formação docente, considerando a ambiguidade das práticas e discursos na comunidade escolar diante da violência e do racismo fundantes da sociedade brasileira. Optou-se por uma abordagem teórico-metodológica, alinhada a uma perspectiva comunitarista e afro-diaspórica, combinada com um olhar etnográfico decolonial e emancipatório da instituição escolar. Com base nessa abordagem multifacetada, observou-se um campo fértil para refazer os laços rompidos na comunidade escolar e contribuir para o aprofundamento de uma educação antirracista. Essa atuação transdisciplinar permitiu, concomitantemente, a visibilização de saberes afrodiaspóricos, em conformidade com a Lei nº 10.639/2003, que altera a LDB de modo dinâmico e atento à realidade sociocultural dos alunos.
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