Alguns aspectos da relação entre escola e direitos humanos na França no século XVIII
DOI:
https://doi.org/10.1590/S1678-4634202248252932porPalabras clave:
Direitos humanos, Escola justa, Escola pública, Iluminismo, Revolução FrancesaResumen
Discutimos, neste artigo, alguns aspectos relacionados à intersecção entre o conhecimento, os direitos humanos e as considerações sobre a escola pública durante o século XVIII. Para esta discussão, tomamos como base alguns textos dos filósofos Rousseau e Condorcet. Conforme a perspectiva de uma leitura desses textos, a concepção de conhecimento, enquanto processo de busca e de investigação da verdade, influenciou a percepção da necessidade de uma escola pública ou, pelo menos, de uma escola subvencionada pelo Estado que instruísse o maior número possível de pessoas dentro de um país. Dessa forma, a discussão sobre o estatuto do conhecimento e a intermediação em relação à sua construção e transmissão deveria ser operada também com muita potência pela escola, segundo os filósofos mencionados. A principal instituição que proporcionaria que isso ocorresse seria uma escola incentivada, amparada e subvencionada pelo Estado, ou mesmo uma escola efetivamente pública. No período em destaque, relacionar o conhecimento e sua transmissão mais fortemente a uma escola pública proporcionou também o aprofundamento do debate sobre a necessidade de uma proclamação dos direitos naturais, civis e políticos do homem, aos quais se deu o nome de direitos humanos. Um dos pontos fortes dessa intersecção se dá na seguinte consideração: para que os direitos pudessem ser respeitados e garantidos, deveriam ser, antes de tudo, conhecidos, e ampliar esse conhecimento é uma tarefa da escola.
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