Crianças surdas e experiências com a palavra escrita
DOI:
https://doi.org/10.1590/S1678-4634202248239142Palavras-chave:
Educação de surdos, Educação bilíngue de surdos, Alfabetização, letramento; Língua portuguesa escritaResumo
Este artigo apresenta parte de uma investigação sobre o processo de apropriação da língua portuguesa escrita por crianças surdas, sinalizantes de Língua Brasileira de Sinais (Libras), e busca descrever os seus dizeres e analisar as produções induzidas durante a pesquisa. Trata-se de pesquisa qualitativa, descritiva e de cunho exploratório. Participaram seis colaboradores que cursavam a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental em uma escola de surdos. Foram utilizadas entrevistas e atividades realizadas a partir da contação de uma história em Libras. Nessas atividades, as crianças escreveram palavras, textos, completaram histórias, criaram personagens e fizeram desenhos. As entrevistas, realizadas em Libras, foram gravadas em vídeo, traduzidas e textualizadas na língua portuguesa escrita. Na análise dos dados, constatou-se que não há distinção inicial entre o processo de apropriação da língua portuguesa das crianças surdas em relação àquelas que são ouvintes, conforme relatado na literatura; entretanto, há diferenciação em relação ao momento em que as crianças ouvintes começam a relacionar o som com a grafia, caracterizando o “ponto de virada” para o entendimento do mecanismo da escrita. Problematiza-se o que pode ser tomado como o “ponto de virada” para as crianças surdas na apreensão do funcionamento da escrita. Verificou-se que elas utilizam pistas visuais e fazem conjecturas para a escrita, que podem estar relacionadas à consciência visual. Esse “ponto de virada” pode ser favorecido por um letramento bilíngue que envolva elementos como escrita de sinais, escrita diferida e escrita bilíngue, a partir de bases diferentes daquelas utilizadas com as crianças ouvintes.
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