Fundamentos para o estudo da oralidade na escrita

Autores

  • José Gaston Hilgert Universidade Presbiteriana Mackenzie

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v17i1p57-73

Palavras-chave:

Cenário de interação. Ensino. Enunciação. Escrita. Oralidade.

Resumo

No presente capítulo introduzem-se reflexões sobre a produção de efeitos de oralidade em textos escritos à luz de fundamentos da enunciação. Nesse contexto teórico, mostra-se que não se deve partir de uma identificação aleatória de recursos lexicais e sintáticos, figurativos e temáticos, estilísticos ou retóricos para a compreensão da oralidade na escrita.  Importa, antes de mais nada, identificar o cenário interativo em que esses recursos de linguagem se manifestam. O cenário interativo ou cenário de interação é configurado pela a relação narrador/narratário revelada no texto. Se essa relação se realiza por meio da interação de um eu (narrador) com um você (narratário), explícitos ou implícitos, tem-se nele instituído o princípio básico do diálogo, da conversa, que define a condição de proximidade dos interlocutores e, portanto, o cenário interativo propício ao uso dos recursos de oralidade. Na medida, porém, em que essa relação se realiza na forma de um narrador em terceira pessoa que se dirige a um leitor implícito, estabelece-se o cenário do distanciamento, no qual recursos que evoquem a oralidade não cabem ou, se ocorrem, assumem função específica. Este texto vai, então, dar especial atenção ao cenário interativo constituído pela interação eu/você, mostrando, em diferentes exemplos, os traços de oralidade determinados por ela e, também, os variados graus de proximidade que ela, por suas variadas formas de manifestação, pode revelar.

Downloads

Biografia do Autor

  • José Gaston Hilgert, Universidade Presbiteriana Mackenzie

    Professor do Curso de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras (Mestrado e Doutorado) da Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.

Referências

Bakhtin M. Marxismo e filosofia da linguagem. 14. ed. São Paulo: Hucitec; 2010.

Barros DLP. Interação em anúncios publicitários. In: Preti D (org.). Interação na fala e na escrita v.5. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP; 2002. p. 17-44

Barros MF. Entre aspas : uma análise das funções metaenunciativas em editoriais dos jornais Agora São Paulo e Folha de S. Paulo [dissertação]. São Paulo : Universidade Presbiteriana Mackenzie ; 2014.

Blanche-Benveniste E. Le français parlé: études grammaticales. Paris: CNRS; 1990.

Editorial. Arrastão no Paraíso. Agora São Paulo. 5 abr. 2012.

Editorial. Choque no metrô. Agora São Paulo. 18 de mai. 2012.

Editorial. Colisão no metrô. Folha de S. Paulo. 2012. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/43484-colisao-no-metro.shtml. Acesso em: 15 ago. 2014.

Editorial. Roubos e arrastões. Folha de S. Paulo 5 abr. 2012. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/35334-roubos-e-arrastoes.shtml. Acesso em: 15 ago. 2014.

Fiorin JL. Pragmática. In: Fiorin JL (org.). Introdução à linguística: princípios de análise. São Paulo: Contexto; 2003.

Hilgert JG (org.). A linguagem falada culta na cidade de Porto Alegre: diálogos entre dois informantes. Vol. III. Florianópolis: Insular; 2009.

Kerbrat-Orecchioni C. L’ énonciation: de la subjectivité dans le langage. Paris: Armand Colin; 1980.

Koch P, Oesterreicher W. Gesprochene Sprache in der Romania: Französisch, Italienisch, Spanisch. Tübigen: Niemeyer ; 1990.

Koch P, Oesterreicher W. Sprache der Nähe–Sprache der Distanz. Romanistisches Jahrbuch. 1985; 36:15-43.

Koch P, Oesterreicher W. Funktionale Aspekte der Schriftkultur. In: Günther H, Ludwig O (eds.). Schrift und Schriftlichkeit. Berlim/Nova Iorque: Walter de Gruyter. 1994; 1: 588-604.

Koch P, Oesterreicher. W. Zeitschrift für germanistische Linguistik. 2007; 35: 346-375.

Lopes G. Por que as girafas fedem? [site]. 2003. Disponível em: <http://chc.cienciahoje.uol.com.br/por-que-as-girafas-fedem/>

Maingueneau D. Cenas da enunciação. Curitiba: Criar Edições; 2006.

Marcuschi LA. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez; 2001.

Ramos G. Cartas. Rio de Janeiro: Record; 1994.

Tatit L. A linguagem do texto. In: Fiorin JL (org.). Introdução à linguística: objetos teóricos. Vol. 1. São Paulo: Contexto; 2002. p.187-209.

Downloads

Publicado

2015-06-21

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Hilgert, J. G. (2015). Fundamentos para o estudo da oralidade na escrita. Filologia E Linguística Portuguesa, 17(1), 57-73. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v17i1p57-73