Reestruturação de encontros obstruinte-líquida

Autores

  • Maria Mendes Cantoni Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v26i2p183-198

Palavras-chave:

Encontros consonantais, Vogal epentética, Português brasileiro, Fala espontânea, Modelos de uso

Resumo

No português, sílabas CCV formam encontros de obstruinte-líquida e podem ser opcionalmente reestruturadas pela (1) inserção de uma vogal entre as consoantes do ataque, resultando em CV.CV, ou (2) o apagamento da consoante líquida na segunda posição, resultando em CV, casos que foram avaliados separadamente em estudos anteriores. Este estudo apresenta uma avaliação integrada da alternância CCV~CV.CV~CV no português brasileiro, a partir de análise acústica das ocorrências de CCV em gravações de fala espontânea de 22 falantes nativos. Buscou-se determinar o papel de fatores linguísticos, como a posição do acento, bem como avaliar a qualidade da vogal de apoio e padrões de duração decorrentes da perda consonantal ou da inserção vocálica. Em termos de sua qualidade, a vogal de apoio é uma vogal centralizada, podendo haver harmonia com a vogal seguinte. Verificou-se que o padrão CV é mais frequente em contexto não acentuado e que leva ao alongamento da vogal, enquanto o padrão CV.CV é mais frequente em contexto acentuado. Os resultados são discutidos em termos da gradualidade e dinamicidade do fenômeno e considerando princípios fonológicos de reestruturação silábica e formação de ataques.

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Publicado

2024-12-31

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Cantoni, M. M. . (2024). Reestruturação de encontros obstruinte-líquida. Filologia E Linguística Portuguesa, 26(2), 183-198. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v26i2p183-198

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