Discurso direto e hipossegmentações na escrita infantil
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v16i1p233-259Palavras-chave:
Aquisição da escrita, Ortografia, Hipossegmentação, Discurso direto.Resumo
Neste artigo, apresentam-se resultados de pesquisa que teve dois objetivos principais. Por um lado, verificar se a presença do discurso direto, em produções textuais infantis, influenciaria o aparecimento de hipossegmentações – segmentações aquém das previstas pelas convenções ortográficas, como em “abruxa”. Por outro, examinar a qualidade das hipossegmentações, na tentativa de averiguar a existência de diferenças nas hipossegmentações quando considerada a instância enunciativa em que a criança se coloca para narrar/escrever: o discurso direto (DD) e outros contextos (OC). O corpus da pesquisa foi constituído de 65 narrativas escritas por 65 diferentes crianças da segunda série (atual terceiro ano) do Ensino Fundamental I. A análise das hipossegmentações identificadas no corpus permitiu constatar que a instância enunciativa na qual a criança narra/escreve (DD e OC) desempenha, de fato, um importante papel no aparecimento de hipossegmentações na escrita infantil. Em alguns casos, essa instância enunciativa é determinante para o tipo de hipossegmentação que pode ou não emergir. A partir desses resultados e considerando que hipossegmentações constituem pistas dos caminhos trilhados pelas crianças para compreender a noção de palavra definida pelas convenções ortográficas, pôde-se conjecturar que o modo como crianças passam a ser afetadas por essa noção é atravessado também pela voz que a criança assume quando narra/escreve.
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