Entre O “Centro e o Cosmo”: Um ensaio interpretativo sobre a dimensão espacial do sagrado por meio da música candomblecista
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2020.165988Palavras-chave:
Música, Espaço Sagrado, Cosmogonia, CandombléResumo
A música é um dos elementos essenciais nos cultos de Candomblé. Junto à dança colabora com a identificação de cada orixá e seus ritos. É uma forma de expressão que divulga e mantém viva a história de algumas tradições orais africanas colaborando na formação identitária e na percepção do caráter sagrado dos lugares de celebração. A memória é o elo entre dois lugares em tempos diferentes: o Orúm e Ayê que espacializam a cosmogonia do Candomblé. Compreendendo a religião como um sistema cultural – o qual caracteriza-se por modalidades diferenciadas de cultos e celebrações – este, tem na música um dos elementos de elaboração de vínculos entre o humano e o sagrado que mobiliza maneiras de ser e existir no espaço imediato celebrativo. Com isso, à luz da teoria do espaço sagrado de Zeny Rosendahl e de música e sagrado de Lily Kong, discorremos, neste ensaio, um exercício de compreensão da maneira pela qual a música é um elemento essencial que colabora com a produção do espaço simbólico dos terreiros de Candomblé.
Downloads
Referências
ARAÚJO, Cristiano Santos. Religião, sagrado e poder: considerações conceituais em Geertz, Terrin e Deleuze. Revista Ciber Teologia, ano 11, n. 51, p. 99-111, 2015.
ASAD, Talal. A construção da religião como uma categoria antropológica. Cadernos de Campo (São Paulo, 1991), v. 19, n. 19, p. 263-284, 2010.
BÉHAGUE, G. Correntes regionais e nacionais na música do Candomblé baiano. Revista Afro-Ásia. Salvador: nº 12, Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia, 1976.
BLACKING, John. Música, cultura e experiência. Cadernos de Campo (São Paulo, 1991), v. 16, n. 16, p. 201-218, 2007.
CARDOSO, Ângelo Nonato Natale. A linguagem dos tambores. Tese de Doutorado em Etnomusicologia - Programa de Pós-graduação em Música/UFBa. Salvador, 2006.
CASSIRER, E. [1944] Ensaio sobre o Homem – Introdução a uma Filosofia da Cultura Humana, tradução de Vicente Feliz de Queiroz, São Paulo: Editora Mestre Jou, 1977.
CORRÊA, Roberto Lobato. Espaço e simbolismo. Olhares geográficos: modos de ver e viver o espaço. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, p. 133-153, 2012.
CORRÊA, Roberto Lobato. Cultura, Política, Economia e Espaço. Espaço e Cultura, n. 35, p. 27-40, 2014.
CASTRO, Daniel de. Geografia e música: a dupla face de uma relação. Espaço e Cultura, n. 26, p. 7-18, 2009.
ELIADE, Mircea; TAMER, Sonia Cristina; DUMÉZIL, Georges. Imagens e símbolos: ensaio sobre o simbolismo mágico-religioso. 1991.
ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. Tradução de Rogério Fernandes. 1992.
FERNANDES, Dalvani; GIL FILHO, Sylvio Fausto. Geografia em Cassirer: Perspectivas para a geografia da religião. GeoTextos, v. 7, n. 2, p. 211-228, 2011.
FONSECA, Edilberto José de Macedo. ‘... Dar Rum ao Orixá...”: Ritmo e Rito nos Candomblés Ketu-Nagô”. Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, v. 3, n. 1, p. 101-16, 2006.
GEERTZ, Clifford, 1926- A interpretação das culturas / Clifford Geertz. - l.ed., IS.reimpr.-Rio de Janeiro : LTC, 2008.
GIL FILHO, Sylvio Fausto. Espacialidades de conformação simbólica em Geografia da Religião: um ensaio epistemológico. Espaço e Cultura, n. 32, 2012a.
GIL FILHO, S. F. Geografia das formas simbólicas em Ernst Cassirer. Visões do Brasil: estudos culturais em geografia. Salvador: EDUFBA., 2012b, pp. 47-66.
KONG, Lily. Música popular nas análises geográficas. Corrêa, Roberto. L.; Rosendahl, Zeny (Org.). Cinema, espaço e música. Rio de Janeiro: EDUERJ, p. 129-175, 2009.
LIMA, Vivaldo da Costa. O conceito de “nação” nos candomblés da Bahia. Afro-Ásia. Salvador, n. 12, p. 65-90, 1976.
LÜHNING, Angela. Música: coração do candomblé. Revista Usp, n. 7, p. 115-124, 1990.
MARINHO, Samarone Carvalho. Um homem, um lugar: geografia da vida e perspectiva ontológica. Tese de doutorado. Departamento de Geografia da USP. São Paulo, 2010.
MOURA, Marinaide Ramos. O simbólico em Cassirer. Ideação, Feira de Santana, n. 5, p. 75-85, 2000.
PEREIRA, Clevisson Junior; GIL FILHO, Sylvio Fausto. Geografia da Religião e Espaço Sagrado: Diferenças entre as noções de lócus material e conformação simbólica. Ateliê geográfico, v. 6, n. 1, p. 35-50, 2012.
PESSOA DE BARROS, J. F. Mito, memória e história: a música sacra. Espaço e Cultura, n° 9 e 10, p. 35-48, 2000.
PINTO, Tiago de Oliveira. Som e música. Questões de uma antropologia sonora. Revista de Antropologia, v. 44, n. 1, p. 222-286, 2001.
ROSENDAHL, Zeny. Geografia de religião: uma proposta. Espaço e Cultura, n. 1, p. 45-74, 1995.
ROSENDAHL, Zeny. Território e territorialidade: uma perspectiva geográfica para o estudo da religião. Geografia: temas sobre cultura e espaço. Rio de Janeiro: EdUERJ, p. 191-226, 2005.
ROSENDAHL, Zeny. O sagrado e sua dimensão espacial. CASTRO, IE; GOMES, PC; CORRÊA, RL Olhares geográficos: modos de ver e viver o espaço. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
SILVA. Vagner Gonçalves. Candomblé e Umbanda. Caminhos da devoção brasileira. 5ª edição. São Paulo: Selo Negro Edições, 2005.
TINHORÃO, José Ramos. Os sons dos negros no Brasil: cantos, danças, folguedos: origens. São Paulo, Editora 34, 2008, 152 p.
TORRES, Marcos Alberto; KOZEL, Salete. Paisagens sonoras: possíveis caminhos aos estudos culturais em geografia. Raega-O Espaço Geográfico em Análise, v. 20, 2010.
TUAN, Yi-fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Difusão Editorial, 1980.
VERGER, Pierre. Orixás: deuses iorubás na África e no Novo Mundo. Editora Corrupio Comércio, 1981.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Yasmin Estrela Sampaio, Edgar Monteiro Chagas Junior
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho com licença de uso da atribuição CC-BY, que permite distribuir, remixar, adaptar e criar com base no seu trabalho desde que se confira o devido crédito autoral, da maneira especificada por CS.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou em sua página pessoal) a qualquer altura antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).