Por geografias do coabitar: costurando lugares mais-que-humanos
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2024.217863Palavras-chave:
Terra, Habitar, Mundos mais-que-humanos, LarResumo
O espaço geográfico decorre das virtualidades existenciais de múltiplas relações terrestres e das formas pelas quais elas se correlacionam com o habitar de entidades humanas e não-humanas. Desse modo, o presente ensaio almeja problematizar as potencialidades analíticas do coabitar mais-que-humano no nexo dos lugares. Para tanto, parte-se de um contato dialógico entre os estudos da Geografia Cultural e Humanista com a filosofia ecofenomenológica. Nessa intersecção, vislumbra-se os modos como os lugares são coabitados por confluências de senciências terrestres. Os mundos mais-que-humanos que costuram a realidade geográfica revelam que a experiência de ser-na-e-da-Terra é pautada em dinâmicas de coabitação que enovelam intersubjetividades e intercorporeidades. Conclui-se que coabitar os lugares envolve a emergência de convivialidades entre ciclos e ritmos telúricos de reversibilidades.
Downloads
Referências
ABRAM, D. The spell of the sensuous: perception and language in a more-than-human world. New York: Vintage Books, 1996.
ABRAM, D. Earth in Eclipse. In: CATALDI, S. L.; HAMRICK, W. S. (Org.) Merleau-Ponty and Environmental Philosophy: Dwelling on the landscapes of though. New York: State University of New York Press, 2007, p.149-176.
ABRAM, D. Becoming Animal: an earthly cosmology. New York: Vintage Books, 2010.
ABRAM, D.; MILSTEIN, T.; CASTRO-SOTOMAYOR, J. Interbreathing ecocultural identity in the Humilocene. In: MILSTEIN, T.; CASTRO-SOTOMAYOR, J. (Orgs.) Routledge Handbook of Ecocultural Identity. Abingdon: Routledge, 2020, p.5-25.
ALAM, A.; MCGREGOR, A.; HOUSTON, D. Neither sensibly homed nor homeless: re-imagining migrant homes through more-than-human relations. Social & Cultural Geography, v.21, n.8, p.1-24, 2020.
BACHELARD, G. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
BARUA, M.; SINHA, A. Animating the urban: an ethological and geographical conversation. Social & Cultural Geography, v.20, n.8, p.1-21, 2017.
BERGER, B. N. The River Flowing through My Kitchen – a practice led inquiry into the aesthetic materiality binding body and world. Australian Geographer, v.54, n.1, p.89-105, 2023.
CASEY, E. Earth-Mapping : artists reshaping landscape. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2005.
CAVALCANTE, T. V. Geografia, insurgência e pesquisa de um ponto de vista humanista cultural. Geograficidade, v.11, n.1, p.98-105, 2021.
CHARTIER, D. The Deplantationocene: Listening to yeasts and rejecting the plantation worldview. In: BRIVES, C.; REST, M.; SARIOLA, S. (Orgs.) With microbes. Manchester: Mattering Press, 2021, p.43-63.
DARDEL, E. O Homem e a Terra. São Paulo: Perspectiva, 2011.
DESPRET, V. Habiter en oiseau. Arles : Actes Sud, 2019.
DUFOURCQ, A. Is a world without animal possible? Environmental philosophy, v.11, n.1, p.71-91, 2014.
DUFOURCQ, A. Merleau-Ponty : Une ontologie de l’imaginaire. New York: Springer, 2012.
ECHEVERRI, A. P. N.; MUÑOS, J. A. P. Cuerpo-tierra: epojé, disolución humano-naturaleza y nuevas geografías-sur. Geograficidade, v.4, n.1, p.20-29, 2014.
GALVANI, P. Retrouver la terre intérieure une démarche d’écoformation en dialogue avec les cultures amérindiennes. In : PINEAU, G. ; Et Al (Orgs.) Habiter la terre : Ecoformation terrestre pour ne conscience planétaire. Paris : L’Harmattan, 2005, p.65-78.
GREENHOUGH, B. More-than-human Geographies. In: LEE, R. Et. Al. (Orgs.) The Sage Handbook of Human Geography, Sage: London, 2014, p.94-119.
INGOLD, T. Being alive to a world without objects. In: HARVEY, G. (Org.) The handbook of contemporary animism. London: Routledge, 2014, p.213-225.
INGOLD, T. The Perception of the Environment: Essays on livelihood, dwelling and skill. Routledge: London, 2000.
JAMES, S. P. The presence of nature: A study in phenomenology and environmental philosophy. London: Palgrave Macmillan, 2009.
KOPENAWA, D. Hutukara: grito da terra. Caderno de leituras, n.130, p.1-14, 2021.
KRENAK, A. Futuro Ancestral. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
LANG, R. The dwelling door: towards a phenomenology of transition. In: SEAMON, D.; MUGERAUER, R. (Orgs.) Dwelling, place and environment: towards a phenomenology of person and world. Dordrecht: Martinus Nijhoff Publishers, 1985, p.201-214.
LIMA-PAPAYÁ, J. S. Yby: Sentido radical de casa. Kalagatos: revista de filosofia, v.20, n.2, p.1-13, 2023.
LORIMER, H. Forces of Nature, Forms of Life: Calibrating Ethology and Phenomenology. In: ANDERSON, B.; HARRISON, P. (Orgs.) Taking-Place: Non-representational Theories and Geography. Ashgate: Surrey, 2010, p.55-78.
LUSSAULT, M. Vers une éthique de l’espace habité. In : PINEAU, G. ; Et Al (Orgs.) Habiter la terre : Ecoformation terrestre pour une conscience planétaire. Paris : L’Harmattan, 2005, pp.11-20.
MARANDOLA JR, E. Fenomenologia do ser-situado: crônicas de um verão tropical urbano. São Paulo: Editora da UNESP, 2021.
MARRATTO, S. L. The intercorporeal self: Merleau-Ponty on Subjectivity. Albany: State University of New York Press, 2012.
MERLEAU-PONTY, M. A natureza: curso do Collège de France. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
MURATA-SORACI, K. “Song of the Earth”: An Eco-Phenomenology. In: SMITH, W. S.; SMITH, W. S.; VERDUCCI, D. (Orgs.). Eco-phenomenology: Life, human life, post-human life in the harmony of the cosmos. Gewerbstrausse: Springer, 2018, pp.235-243.
PITT, H. An apprenticeship in plant thinking. In: BASTIAN, M.; JONES, O.; MOORE, N.; ROE, E. (Orgs.) Participatory research in more-than-human worlds. London: Routledge, 2017, p.92-106.
RAVEN, M.; ROBINSON, D.; HUNTER, J. The emu: More-than-human and more-than-animal geographies. Antipode: a radical journal of Geography, v.53, n.5, p.1526-1545, 2021.
RELPH, E. Place and placelessness. London: Pion Limited, 1976.
ROBERTSON, S. A. Rethinking relational ideas of place in more-than-human cities. Geography Compass, v.12, n.4, p.1-12, 2018.
SCHMIDT, S. W. Body and Place as the Noetic-Noematic Structure of Geographical Experience. Research in Phenomenology, v.50, p.261-281, 2020.
SEAMON, D. A Geography of the lifeworld: movement, rest and encounter. London: Croom Helm, 1979.
SEAMON, D. Life takes place: phenomenology, lifewords and place making. New York: Routledge, 2018a.
SEAMON, D. Merleau-Ponty, Lived Body, and Place: Toward a Phenomenology of Human Situatedness. In: HÜNEFELDT, T.; SCHILITTE, A. (Orgs.) Situatedness and Place: Multidisciplinary perspectives on the Spatio-temporal Contingency of Human Life. Cham: Springer, 2018b, p.41-66.
SILVA, F. S.; VARGAS, M. A. M. Pelos caminhos do cuidado: práticas socioculturais de agricultores guardiões de sementes crioulas em Alagoas. Geografar, v.18, n.1, p.110-128, 2023.
TOADVINE, T. Merleau-Ponty’s Philosophy of Nature. Evanston: Northwestern University Press, 2013.
TRIGG, D. Situated Anxiety: A phenomenology of agoraphobia. In: HÜNEFELDT, T.; SCHILITTE, A. (Orgs.) Situatedness and Place: Multidisciplinary perspectives on the Spatio-temporal Contingency of Human Life. Cham: Springer, 2018, p.187-201.
TUAN, Y. Escapism. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1998.
TUAN, Y. Humanist Geography: an individual’s search for meaning. Staunton: George F. Thompson Publishing, 2012.
TUAN, Y. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. Londrina: EdUel, 2013.
VAN PATTER, L. E. Toward a more-than-human everyday urbanism: Rythms and sensoria in the multispecies city. Annals of the American Association of Geographers, v.113, n.4, p.913-932, 2023.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Carlos Roberto Bernardes de Souza Júnior

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho com licença de uso da atribuição CC-BY, que permite distribuir, remixar, adaptar e criar com base no seu trabalho desde que se confira o devido crédito autoral, da maneira especificada por CS.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou em sua página pessoal) a qualquer altura antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).