A mobilidade das políticas públicas educacionais de formação de professores e as espacialidades dos agentes políticos
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2025.231661Palavras-chave:
políticas educacionais; transecalar; espaço político; formação de professoresResumo
A educação brasileira vem sendo conduzida por agentes políticos a partir dos interesses de grupos específicos que atuam em escalas locais, globais e espaços políticos. O objetivo deste artigo é refletir sobre os processos que envolvem o debate e a construção de uma política pública nacional, conduzidos pelo método de interpretação de políticas “follow the policy” (Peck & Theodore, 2010; 2012) e de acordo com suas práticas espaciais de significação discursivas (Straforini, 2018). Tomamos como objeto a Base Nacional Curricular (BNC) Formação e seu processo de construção e articulação entre os anos de 2016 e 2019, para elucidar de que forma as políticas educacionais vem sendo pensadas e organizadas para atender demandas locais e, ao mesmo tempo, se articulam em uma agenda de interesse global. Como resultado desta pesquisa, observamos que a espacialidade de agentes envolvidos na elaboração textual da BNC Formação enfatiza seus interesses e articulações locais, destacando e fortalecendo grupos empresariais, bem como suas demandas no/com o território brasileiro.
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