“Quanta decepção me esperava fora dos limites da nossa casa”: geografias afetivas do habitar em Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar
DOI :
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2019.144704Mots-clés :
Geografia e Literatura, Lugar, Ser-no-mundo, Corporeidade, Geograficidade.Résumé
Romance publicado originalmente em 1975, “Lavoura Arcaica” narra a história da partida e retorno do filho do meio de uma família camponesa. No enredo em fluxo de consciência, André, o protagonista, descreve suas experiências, percepções e condições de habitar no âmago do lugar-lavoura. Pelo ordenamento da família que se divide em função de divergentes formas de conceber as geografias afetivas do lar conformam espacialidades de tensão. O artigo problematiza, por meio de hermenêutica embasada na fenomenologia existencialista de Merleau-Ponty, de que modo irradiam as contradições do habitar na geograficidade da experiência de André. É evidenciado que pela dinamicidade corpo-espacial tem gênese uma forma de habitar o lugar em que o emergir do ser-no-mundo é profundamente imbricado pelas emoções e percepções. Na potencialidade de ser-no-lar, o lugar se redefine contextualmente aos tensionamentos que modificam como é sentida a realidade geográfica. Conclui-se que pela corporeidade inerente ao entrelaçamento sujeito-lugar ressaltam-se os fluxos afetivos pelos quais o ser humano projeta sua consciência intencional rumo ao mundo.
##plugins.themes.default.displayStats.downloads##
Références
ABATI, H. M. F. Da Lavoura Arcaica: fortuna crítica, análise e interpretação da obra de Raduan Nassar. 1999, 188f., Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 1999.
BROWN, B. B.; PERKINS, D. D. Disruptions in place attachment. In: ALTMAN, I.; LOW, S. M. (Orgs.) Place Attachment. New York: Plenum Press, 1992, p.279-304.
CASEY, E. S. The Fate of place: a philosophical history. Berkley: University of California Press, 1998.
CARR, D. Time zones: phenomenological reflections on cultural time. In: CARR, D.; CHAN-FAI, C. (Orgs.) Contributions to phenomenology: Space, Time and Culture. Amsterdan: Springer science+business, 2004, p.3-14.
DARDEL, E. O Homem e a Terra. São Paulo: Perspectiva, 2011.
DAVIDSON, J.; MILLIGAN, C. Embodying emotion sensing space: introducing emotional geographies. Social & Cultural Geography, v.5, n.4, p.523-532, 2004.
DELANCEY, C. Action, the scientific worldview, and Being-in-the-world. In: DREYFUS, H. L.; WRATHALL, M. A. (Orgs.) A companion to phenomenology and existentialism. Malden: Blackwell Publishing, 2006, pp.31-47.
HOYAUX, A. De l'espace domestique au monde domestique: Point de vue phénomenologique sur l'habitation. In: CLOLLINGNON, B. ; STASZAK, J. (Orgs.) Espaces domestiques : Construire, habiter, représenter. Paris : Editions Bréal, p.1-12, 2003.
HUMMON, D. M. Community Attachment: local sentiment and the sense of place. In: ALTMAN, I.; LOW, S. M. (Orgs.) Place Attachment. New York: Plenum Press, 1992, p.253-278.
HUFFORD, M. Thresholds to an Alternate Realm: mapping the chaseworld in New Jersey’s Pine Barrens. In: ALTMAN, I.; LOW, S. M. (Orgs.) Place Attachment. New York: Plenum Press, 1992, p.231-252.
LARSEN, S. C.; JOHNSON, J. T. Toward an open sense of place: Phenomenology, affinity, and the question of being. Annals of the Association of American Geographers, v.102, n.3, p.632-646, 2012.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
MERLEAU-PONTY, M. A prosa do mundo. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
MERLEAU-PONTY, M. O visível e o invisível. São Paulo: Perspectiva, 2014.
MOTA, B. C. Raduan Nassar e a Lavoura dos Dizeres: entre provérbios e cantares. 2010, 154f., Tese (Doutorado) –Universidade Estadual Paulista. Araraquara, 2010.
MORRIS, D. The sense of space. Albany: State University of New York Press, 2004.
NASSAR, R. Lavoura arcaica. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
PILE, S. Emotions and affect in recent human geography. Transactions of the British Geographers. Royal Geographical Society, n.35, p.5-20, 2010.
RELPH, E. Place and placelessness. London : Pion Limited, 1976.
SEAMON, D. A Geography of the lifeworld: movement, rest and encounter. London: Croom Helm, 1979.
SEAMON, D. Place attachment and phenomenology: The synergistic dynamism of place. In: MANZO, L. C. (Org.); DEVINE-WRIGHT, P. (Org.) Place Attachment: advances in theory, methods and applications. Abingdon: Routledge, 2014, pp. 11-22.
SEAMON, D; MUGERAUER, R. Dwelling, Place and environment: an introduction. In: SEAMON, D.; MUGERAUER, R. (Orgs.) Dwelling, place and environment: towards a phenomenology of person and world. Dordrecht: Martinus Nijhoff Publishers, 1985, p.1-14.
TUAN, Y. Segmented Worlds and Self: Group life and individual consciousness. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1982.
TUAN, Y. Passing strange and wonderful: aesthetics, nature and culture. New York: Island Press, 1995.
TUAN, Y. Humanist Geography: an individual’s search for meaning. Staunton: George F. Thompson Publishing, 2012a.
TUAN, Y. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Londrina: EdUel, 2012b.
TUAN, Y. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência.Londrina: EdUel, 2013.
Téléchargements
Publiée
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Copyright Carlos Roberto Bernardes de Souza Júnior 2019

Ce travail est disponible sous la licence Creative Commons Attribution 4.0 International .
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho com licença de uso da atribuição CC-BY, que permite distribuir, remixar, adaptar e criar com base no seu trabalho desde que se confira o devido crédito autoral, da maneira especificada por CS.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou em sua página pessoal) a qualquer altura antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).