Caveiras-berrantes: performance e profecia em "Era uma vez Brasília" (2017)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2023.201700Palavras-chave:
Análise de Filmes, Antropologia da Performance, Adirley Queirós, Ceilândia, BrasíliaResumo
Este ensaio pretende analisar as encenações do filme Era uma vez Brasília (2017), do cineasta brasileiro Adirley Queirós, a partir de teorias da performance e da noção de teatro épico de Bertolt Brecht. A obra mistura documentário e ficção científica para apresentar uma narrativa fragmentada que se desenvolve a partir de interrupções e saltos. Por meio da elaboração de atmosferas soturnas e experimentos de performance entre Ceilândia e Brasília, o filme procura refletir e dar corpo à derrota política expressada pelo golpe de estado de 2016 que retirou Dilma Rousseff do poder da perspectiva de sujeitos periféricos do Distrito Federal do Brasil. Por fim, esta obra nos revela um gesto profético que prenuncia um futuro de terror, morte e cárcere no Brasil.
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