Por que no papel é mais fácil? O que fazemos e o que falamos que fazemos no Projeto Político-Pedagógico de um Curso de Graduação – Reflexões sobre o Curso de Fonoaudiologia da FOB-USP
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-376X.v2i1p25-37Palavras-chave:
Fonoaudiologia. Educação Médica. Ensino Superior. Currículo. Projeto PedagógicoResumo
Introdução: o projeto político-pedagógico (PPP) de um curso de graduação precisa ser realmente abraçado no contexto acadêmico a que pertence, sendo pedagógico por discutir o processo de formação e político por tratar dos fins e valores referentes da universidade. Análises pontuais de PPP auxiliam não somente a instituição analisada, como também outras instituições de ensino em reflexões e ações sobre formação profissional. No entanto, fica sempre a pergunta: o que fazemos em nosso curso é o que realmente está escrito e descrito nas vias documentais? O que está escrito reflete o perfil do egresso que postulamos? Objetivo: analisar se as características atuais do PPP do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), da Universidade de São Paulo (USP) refletem o perfil do egresso a que se deseja formar e o que efetivamente é colocado em prática no curso. Metodologia: este trabalho é o recorte de um dos itens de pesquisa qualitativa (Tese de Livre Docência) realizada por entrevistas semi-estruturadas com membros da Comissão Coordenadora de Curso (CoC-Fono), Chefia de Departamento e Comissão de Graduação da Unidade; as entrevistas conduzidas foram gravadas, transcritas e submetidas à análise de fidedignidade intercodificadores. A análise de conteúdos temático-categorial foi realizada via software NVivo, sendo que a categoria final a ser aqui apresentada é a de características do PPP atual (perfil de formação, base teórica, pontos fortes e fracos, coerência da estrutura curricular, nível aceitação e conhecimento da comunidade acadêmica). Resultados e discussão: a análise realizada identificou que a construção do PPP foi um processo coletivo e longo, mas necessário como dessensibilização da comunidade acadêmica. O perfil do egresso é generalista, embora haja contraditoriamente grande foco nas especialidades, o que reflete que o documento formal mostra mais o que é postulado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do que o realmente desenvolvido na prática. Há definição dos eixos principais, utilização de novas metodologias e tentativas de integração de disciplinas pontuais, embora ainda apresentadas em estrutura de grade, com alta carga horária – o que entra em conflito com a formação de um profissional reflexivo e flexível postulado no PPP. Houve bom nível de aceitação e satisfação, embora docentes e discentes demonstrem baixo nível de conhecimento sobre o PPP – o que parece contraditório, pois não se aprova ou reprova aquilo que não se conhece. Perspectivas futuras se relacionam à nova proposta de reformulação, com expectativa quanto ao método modular e tutorial para contemplar as necessidades do curso, sociedade atual e perfil do aluno ingressante. Considerações finais: embora seja alto o nível de excelência da formação do fonoaudiólogo na FOB-USP, foi possível verificar que o atual PPP reflete de forma parcial o que tem sido realizado no curso, sendo que há dúvidas dos docentes sobre a adequação do perfil do egresso à real proposta do curso. O fato do processo de elaboração do PPP ter sido coletivo e haver mudanças prévias habilita o curso para novas mudanças curriculares, de forma que seja oferecido de maneira integrada, ensejando as atuais propostas da USP para o ensino de graduação.Downloads
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