Imagem e memória: narrativas-instalação em Ieda Magri e Maria Grazia Calandrone

Resumo

Este artigo propõe uma leitura comparativa dos romances Uma exposição, de Ieda Magri, e Brilha como vida, de Maria Grazia Calandrone, a partir da articulação entre imagem, memória e narrativa. Por meio da análise de fragmentos visuais — como fotografias, recortes de jornal, poemas e desenhos —, investiga-se como as autoras constroem percursos literários que não apenas revisitam o passado, mas o reformulam criticamente, compondo uma espécie de montagem ou narrativa-instalação sensível. A reflexão mobiliza os conceitos de Jacques Rancière, Georges Didi-Huberman e Walter Benjamin para examinar o modo como as imagens, ao emergirem nos textos, funcionam como operadores de memória, instaurando uma tensão entre o visível e o dizível, entre o tempo vivido e o tempo narrado. Em vez de oferecer uma restituição linear da experiência, os romances constroem trajetórias fragmentárias e experimentais, nas quais a memória se atualiza e se transforma no próprio ato de exposição.