Entre poemas e poesias: reflexões sobre a tradução de Meus poemas não mudarão o mundo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-8281.i45p52-63Palavras-chave:
Patrizia Cavalli, Poesia Italiana Contemporânea, Tradução de PoesiaResumo
Considerando que o ato de traduzir é um exercício de escolhas que implicam aspectos positivos e negativos, este artigo pretende refletir sobre a experiência de tradução, para o português brasileiro, de Le mie poesie non cambieranno il mondo (Einaudi, 1974), Meus poemas não mudarão o mundo (Edições Jabuticaba, 2021), de Patrizia Cavalli. As sutilezas e ironias das ambientações cavallianas – verbalizadas através da oralidade dos convívios rotineiros – precisaram ser recriadas na tradução para serem recebidas em outro tempo-espaço, buscando assim estabelecer por vezes um novo sentido para seus jogos lexicais, mas conservando tanto quanto possível seu efeito estético-poético original. Nesse sentido, desenhou-se uma travessia entre a poesia italiana e a tradução brasileira, sustentada, entre outros fatores, pela identificação de sensações compartilhadas, mas também por processos de diferenciação, que revelavam bagagens culturais muito próprias de cada país. A experiência aqui relatada se alinha a uma perspectiva que entende a tradução poética como um conjunto de escolhas que visam constituir uma atmosfera de trocas entre a voz do eu-lírico dos poemas e a voz desse eu-outro da língua de chegada, confiando na hipótese de que essa é uma troca possível e praticável, apesar das dificuldades e subjetividades intrínsecas ao processo.
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