Faz de conta: patriarcado e ambiguidade no capítulo 36 de São Bernardo, de Graciliano Ramos, e em “Nada e a nossa condição”, de Guimarães Rosa
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2024.222577Palavras-chave:
Faz de conta , Forma literária e processo social, Graciliano Ramos, Guimarães RosaResumo
Por muito tempo, acreditou-se que o Brasil, após a Revolução de 1930 e o Governo Juscelino Kubitscheck, havia conquistado as premissas básicas de um Estado de Direito. Contudo, não parecia fazer parte das reformas e promessas liberais contidas nas campanhas desenvolvimentistas de ambos os períodos a integração das massas pobres do país, que permaneciam distantes da condição cidadã. Dito de outro modo, resquícios da sociabilidade colonial pareciam se integrar à modernização do país, que ganha contornos peculiares. A representação desse complexo processo que se estendeu por três séculos parece estar presente no faz de conta que Paulo Honório, protagonista do romance São Bernardo (1934), de Graciliano Ramos, e Tio Man’Antônio, herói de “Nada e a nossa condição”, conto do livro Primeiras Estórias (1962), de Guimarães Rosa, criam para reformar a si próprios e ao mundo, sugerindo sociabilidades mais igualitárias. Assim, este artigo analisa como a ficcionalização de reformas por parte de dois representantes da ordem acusa a contrapelo as inconformidades do processo social de acumulação privada e de assimilação dos homens livres pobres em diferentes momentos históricos da Nação.
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