A integração da narrativa mítica das mulheres Amazonas e sua função estética na trilogia sul-americana Amazonas, de Alfred Döblin

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DOI:

https://doi.org/10.11606/1982-88372443188

Palavras-chave:

Amazonas, Mitologia indígena, Mitomotricidade fundacional e contrapresente

Resumo

Este trabalho analisa a integração e a construção da narrativa mítica das mulheres Amazonas no primeiro volume da trilogia sul-americana Amazonas, de Alfred Döblin. Trata-se de um romance ainda pouco conhecido no Brasil, escrito entre 1935 e 1937, quando o autor esteve exilado em Paris. Sob a perspectiva de Jan Assmann em relação às noções de mitomotricidade fundacional e mitomotricidade contrapresente, focalizamos como a narrativa mítica das mulheres Amazonas é incorporada na trilogia e quais significações suscita. Consideramos que o autor opera de duas maneiras no romance: a primeira é a incorporação e funcionamento de certos mitos na representação ficcional da vida dos indígenas; a segunda é a adaptação de mitos na construção da trama ficcional, sendo que o leitor possui uma participação dupla na narrativa mítica: como observador no nível da realidade ficcional e como receptor no nível da narrativa romanesca. Nesse sentido, a mitologia indígena é introduzida no romance de maneira complexa, atua como elemento estético que busca reconfigurar a posição do homem na natureza e tem efeito “contrapresente” sobre os leitores, pois induz a uma reflexão crítica sobre o desenvolvimento da civilização humana e do seu poder destrutivo, sobretudo na primeira metade do século XX.

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Publicado

2021-02-23

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Artigos

Como Citar

REDEL, Elisângela. A integração da narrativa mítica das mulheres Amazonas e sua função estética na trilogia sul-americana Amazonas, de Alfred Döblin. Pandaemonium Germanicum, São Paulo, Brasil, v. 24, n. 43, p. 188–216, 2021. DOI: 10.11606/1982-88372443188. Disponível em: https://revistas.usp.br/pg/article/view/182291.. Acesso em: 22 nov. 2024.