Estéticas insurgentes e artivistas: reflexões sobre cidades em disputa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/tzq99v87

Palavras-chave:

Estética, artivismo, práticas artísticas, espaço público, cidade

Resumo

Intervenções estéticas mobilizadoras de agência política vem ganhando destaque no modo como diferentes populações articulam ações coletivas, reivindicações, e representações alternativas num mundo atravessado por crises diversas. A crescente importância das práticas artístico-culturais como instrumento de protesto e mobilização por uma vida mais justa contraria a ideia de alienação (ou despolitização) da sociedade atual. Este, aliás, é um rótulo que recai particularmente entre aqueles que dispõem de uma cidadania precária por serem jovens, pobres, negros, imigrantes, moradores de bairros segregados ou detentores de corpos, ou talvez antes, corpas, considerados indesejáveis. A partir de mobilizações artístico-ativistas, produções culturais ou dispositivos digitais, sujeitos em situação de subalternidade constroem sociabilidades, visões de mundo e estéticas engajadas capazes de promover identidades positivas, contrariar estereótipos e revelar vivências invisibilizadas na cidade. Pensando na relevância desses debates, neste dossiê buscamos refletir sobre a agência política e a construção de narrativas dissidentes a partir de influentes circuitos musicais, audiovisuais e digitais; das práticas culturais juvenis que ocupam o espaço público; do artivismo que reclama o “direito à cidade”; da performatividade interseccional e de estratégias metodológicas experimentais como espaço de enunciação e produção de memória e conhecimento sobre a cidade. Trata-se, sobretudo, de refletir sobre formas de resistência nem sempre implicadas num confronto direto com o sistema capitalista e a sociedade de mercado, mas que envolvem disputas de sentido e desestabilizações nas políticas de representação hegemônica. Num momento de atualização das agendas de luta e emergência de novas possibilidades de participação cidadã, importa não reduzir o campo político ao ato de votar ou às estruturas tradicionais de organização (partidos, sindicatos, associações etc.) sob pena de captarmos uma diminuta faixa de cidadania potencialmente ativa. Até porque há uma descrença ou, pelo menos, um desinvestimento na crença na eficácia das eleições e da representatividade eleitoral na democracia moderna como algo fundamental na ação política, nomeadamente entre as novas gerações. Não é por acaso que alguns autores chamam a atenção para a necessidade de descortinar domínios de participação política mais fluídos, individualizados e espontâneos (Bennett; Segerberg, 2011; Campos; Sarrouy, 2020), em que as esferas do lúdico, dos estilos de vida e da criatividade ocupam uma posição central (Soep, 2014; Street; Inthorn; Scott, 2013).

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Publicado

2024-07-24

Edição

Seção

Dossiê: Estéticas engajadas e cidade

Como Citar

Raposo, O. ., Silva, G. ., Reginesi, C. ., & Raposo, P. . (2024). Estéticas insurgentes e artivistas: reflexões sobre cidades em disputa. Ponto Urbe, 31(1), 1-10. https://doi.org/10.11606/tzq99v87