Do corpo à cidade: religião e territórios negros em Porto Alegre

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1sbrtg24

Palavras-chave:

religiões de matriz africana, território, espaço público, racialização

Resumo

Grávida de seis meses, Mãe Cida foi reconhecida por sua médica durante uma consulta de pré-natal por conta de uma tatuagem de Oxum no braço direito. “Ela disse “ah, eu lembro de ti. Tu é a moça que tem uma tatuagem de santo né?” me relatou a mãe de santo enquanto conversávamos em seu terreiro em Porto Alegre. A consulta seguiu com alguns comentários sobre a religião de Cida. Sendo Mãe Cida uma dentre tantas mães de santo brancas da cidade, onde a influência das religiões afro mobiliza dimensões simbólico-materiais, comerciais, políticas e territoriais, proponho discutir as relações entre raça e religião, deslocando a questão sobre perseguições religiosas. Procuro investigar como as marcações da presença negra na cidade são atualizadas nos agenciamentos das religiões de matriz africana.

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Biografia do Autor

  • Anderson Kilpp Bernardo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e mestrando no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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Publicado

2022-12-23

Edição

Seção

Dossiê: Estudos urbanos, processos de racialização e produção da diferença

Como Citar

Bernardo, A. K. . (2022). Do corpo à cidade: religião e territórios negros em Porto Alegre. Ponto Urbe, 30(2), 1-14. https://doi.org/10.11606/1sbrtg24