Camadas de tempo e espaço no painel de azulejaria Kilomètre 47, de Maria Helena Vieira da Silva
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8354.v11i11p35-64Palavras-chave:
Azulejo, Arte, Narrativa, Tradição, IdentidadeResumo
Nos anos de exílio, em 1943, a artista luso-francesa Maria Helena Vieira da Silva elaborou um painel de azulejaria para o refeitório de um novo campus universitário, situado no quilômetro 47 da rodovia Rio-São Paulo, no antigo distrito de Seropédica. O presente artigo pretende examinar, sob o amparo do conceito benjaminiano de experiência (Erfahrung), as narrativas evocadas pelas temporalidades não-lineares e pelas espacialidades inscritas nesta obra. Sob tal enfoque, o painel Kilomètre 47 pode ser visto como uma homenagem ao trabalho no campo, uma ode à simplicidade, um tributo à mulher, uma deferência às tradições lusitanas. Mas também pode ser interpretado como o reencontro da artista consigo mesma, ou ainda, como uma introjeção pessoal que vislumbra uma dimensão coletiva, a um só tempo poética e potencialmente transformadora.
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