O Visconde do Rio Branco e a paz platina: diplomacia e direito em seus discursos parlamentares
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8235.v115p681-695Palavras-chave:
Visconde do Rio Branco, História do Direito Internacional, História Diplomática, Diplomacia Brasileira, História do Brasil, História das Relações Internacionais, História da América do SulResumo
A diplomacia do Brasil é historicamente orientada por uma grande articulação legal, desde o início da consolidação de suas fronteiras com o Tratado de Madrid (1750) e Alexandre de Gusmão. Mas a consolidação de seus princípios norteadores, como o uti possidetis, se deu de fato com a atuação do Visconde do Uruguai e do Visconde do Rio Branco na política imperial no Prata entre os anos 1850-1870, quando atuaram como diplomatas e chanceleres no Ministério dos Negócios Estrangeiros. Este artigo buscará investigar os aspectos legais da visão de Rio Branco sobre o planejamento e a atuação da política do Império do Brasil no Prata. Para isso, será feita uma análise de seus discursos sobre política exterior e o Prata no Parlamento Imperial de 1855 a 1875. Assim, se busca compreender a importância de sua atuação na Questão Platina, que se deu no apogeu do império, quando aconteceram as intervenções nas repúblicas platinas e também a Guerra do Paraguai, firmando as concepções de fronteiras e de isonomia entre os Estados como fundamentais à diplomacia brasileira. De tal forma, a metodologia utilizada será a de, por meio de uma análise dos discursos do Visconde como fontes primárias, observar os fundamentos e a articulação da visão jurídica da atuação do Brasil no Prata em sua diplomacia, considerando o Direito como prática na estabilização da região.
Downloads
Referências
ACCIOLY, Hildebrando Pompeo Pinto; SILVA, Geraldo Eulálio do Nascimento e; CASELLA, Paulo Borba. Manual de direito internacional público. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
ALMEIDA, Paulo Roberto. A construção do direito internacional do Brasil a partir dos pareceres dos consultores jurídicos do Itamaraty: do Império à República. Cadernos de Política Exterior, Brasília, DF, ano 2, n. 4, p. 241-298, jul./dez. 2016. Disponível em: http://funag.gov.br/biblioteca/download/1186-cadernos-de-politica-exterior-ano-2-volume-4.pdf.
BARBOSA, Rui. Rio Branco. In: FUNAG. Centro de História e Documentação Diplomática (org.). O Barão do Rio Branco visto por seus contemporâneos: série de artigos publicados pela Revista Americana, em abril de 1913. Brasília: FUNAG, 2002.
BARRIO, Cesar de Oliveira Lima. O Império do Brasil e a política de intervenção no Rio da Prata (1843-1865). Brasília: FUNAG, 2018.
CÁRCANO, Ramón José. Guerra del Paraguay: orígenes y causas. Buenos Aires: Buena Vista Editora, 2018.
CERVO, Amado Luiz. Relações internacionais do Brasil. In: ______. (org.). O desafio internacional: a política exterior do Brasil de 1930 a nossos dias. Brasília: Universidade de Brasília, 1994.
CHEIBUB, Zairo. Diplomacia e construção institucional: o Itamaraty em uma perspectiva histórica. Dados: Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 28, n. 1, p. 113-131, 1985.
CORRÊA, Luiz F. de Seixas. Diplomacia e história: política externa e identidade nacional brasileira. Política Externa, São Paulo, v. 9, n. 1, p. 22-32, jun./ago. 2000.
DA MATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
DIAS DUARTE, Caio Henrique; DOMSCHKE-TOMIC, Tomás E.; LEAL, Débora; BARRETO, Lucas; MINHONI, Felipe; MOTTA MARTINS, Ítalo. Geografia das paixões: política externa e defesa nacional. In: CONGRESSO ACADÊMICO SOBRE DEFESA NACIONAL, 15., 2018, Pirassununga, SP. Anais... Brasília: Ministério da Defesa, 2018.
DORATIOTO, Francisco. O Visconde do Rio Branco: soberania, diplomacia e força. In: PIMENTEL, José Vicente de Sá (org.). Pensamento diplomático brasileiro: formuladores e agentes da política externa (1750-1964). Brasília: FUNAG, 2013. v. 1, p. 263-299.
DUROSELLE, Jean-Baptiste. Todo império perecerá: teoria das relações internacionais. Tradução de Ane Lize Spaltemberg de Seiqueira Magalhães. Brasília: Universidade de Brasília, 2000.
FONSECA JÚNIOR, Gelson. A legitimidade e outras questões internacionais: poder e ética entre as nações. São Paulo: Paz e Terra, 1998.
FREYRE, Gilberto. Ordem e progresso. In: SANTIAGO, Silviano. Intérpretes do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. v. 3.
GOES FILHO, Synesio Sampaio. Alexandre de Gusmão: o estadista que desenhou o mapa do Brasil. In: PIMENTEL, José Vicente de Sá (org.). Pensamento diplomático brasileiro: formuladores e agentes da política externa (1750-1964). Brasília: FUNAG, 2013. v. 1. p. 53-85.
LAFER, Celso. A identidade internacional do Brasil e a política externa brasileira: passado, presente e futuro. São Paulo: Perspectiva, 2001.
LAFER, Celso. Comércio, desarmamento, direitos humanos: reflexões sobre uma experiência diplomática. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
LE GOFF, Jacques. L’histoire nouvelle. In: Le Goff, Jacques (dir.). La Nouvelle Histoire. Bruxelles: Complexes, 2006.
LIMA, Manuel de Oliveira. O movimento da Independência, 1821-1822. São Paulo: Melhoramentos, 1921.
LYNCH, John. Juan Manuel de Rosas. Buenos Aires: Emecé Editores, 1984.
LYRA, Heitor. História de Dom Pedro II. São Paulo: EDUSP, 1977.
MELLO, Fernando Figueira de. O Visconde do Rio Branco: entre a biografia estabelecida e a reconstrução da biografia. In: FRANCO, Alvaro da Costa (org.). Com a palavra, o Visconde do Rio Branco: a política exterior no parlamento imperial. Rio de Janeiro: CHDD; Brasília: FUNAG, 2005. p. 11-22.
NABUCO, Joaquim. Minha formação. Introdução de Gilberto Freyre. Brasília: Senado Federal, 1998.
NABUCO, Joaquim. Um estadista do Império. São Paulo: IPE, 1949.
NORA, Pierre. Entre mémoire et histoire. In: ______. Les lieux de mémoire. Paris: Gallimard, 1984. v. 1.
PEREIRA: Manoel Gomes. (org.). Barão do Rio Branco: 100 anos de memória. Brasília: FUNAG, 2012.
PIMENTEL, José Visconde de Sá (org.). Pensamento diplomático brasileiro: formuladores e agentes da política externa (1750-1964). Brasília: FUNAG, 2013. v. 1.
PORRAS BARRENECHEA, Raúl; WAGNER REYNA, Alberto. Historia de los límites del Peru. Lima: Editorial Universitaria, 1981.
RICUPERO, Rubens. Rio Branco, definidor de valores nacionais. In: CARDIM, Carlos Henrique; ALMINO, João. (org.). Rio Branco, a América do Sul e a modernização do Brasil. Rio de Janeiro: EMC, 2002. p. 79-98.
RIO BRANCO, José Maria da Silva Paranhos, Visconde do, 1819-1880. Com a palavra, o Visconde do Rio Branco: a política exterior no Parlamento Imperial. Alvaro da Costa Franco (org.). Rio de Janeiro: CHDD; Brasília: FUNAG, 2005.
RODRIGUES, José Honório. Interêsse nacional e política externa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966. p. 54.
SÁ, Dominichi Miranda de. A ciência como profissão: médicos, bacharéis e cientistas no Brasil (1895-1935). Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
SCHWARZ, Roberto (org.). Ao vencedor as batatas. São Paulo: Duas Cidades, 1992.
SOUZA, Antonio Candido de Mello e. Os parceiros do Rio Bonito: estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos seus meios de vida. São Paulo: EDUSP, 2017.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Revista da Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.