Regulação profissional na saúde: o que dizem os documentos regulatórios sobre a colaboração interprofissional?

Autores

  • Augusto José Bezerra de Andrade Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde, Natal, (RN), Brasil https://orcid.org/0000-0003-1406-3558
  • Andrezza Karine Araújo de Medeiros Pereira Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Curso de Enfermagem, Departamento de Enfermagem, Pau dos Ferros, (RN), Brasil. https://orcid.org/0000-0003-3817-5650
  • Claudia Helena Soares de Morais Freitas Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde, Natal, (RN), Brasil https://orcid.org/0000-0003-0265-5396
  • Marcelo Viana da Costa Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde, Natal, (RN), Brasil https://orcid.org/0000-0002-3673-2727

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2024.225091

Palavras-chave:

Ética Profissional, Formação profissional, Profissões de saúde, Relações interprofissionais

Resumo

Fundamentos: A colaboração interprofissional vem se consolidando nas últimas décadas como perspectiva orientadora do modo de produzir saúde. Entretanto, uma barreira para sua consolidação, dentro dos sistemas assistenciais, é a incipiência da participação da esfera regulatória das profissões da saúde na agenda de discussões sobre o tema. Objetivo: explorar dimensões/elementos da colaboração interprofissional nos documentos que orientam o exercício e a formação das profissões de saúde no contexto brasileiro. Método: Trata-se de um estudo documental, de caráter qualitativo e exploratório que analisou os dispositivos regulatórios da formação e prática das 14 profissões atreladas ao sistema de saúde no Brasil, por meio da Análise de Discurso Critica. Resultados: Foram analisados 30 documentos, sendo os 14 Códigos de Ética, as 14 Diretrizes Curriculares, e dois Códigos de Ética dos Estudantes, estes últimos são inovações formuladas nos cursos de medicina e nutrição. Os achados estão apresentados em três tópicos: Defesa dos Escopos das Profissões; Autonomia e Valores Profissionais; Dimensões da Colaboração, que expressão elementos de proximidade e afastamento do discurso regulatório com relação ao desenvolvimento de um agir colaborativo interprofissional. Conclusão: a regulação profissional é um fenômeno complexo e que precisa acompanhar a dinâmica social, de forma a flexibilizar as relações profissionais com vistas a facilitar a colaboração. Neste ínterim, faz-se necessário que os órgãos reguladores, das práticas e da formação das categorias da saúde, se façam presentes nessa discussão, com vistas a possibilitar o aprofundamento do debate em vistas a promover a consolidação da colaboração interprofissional como paradigma reorientador do modo de produzir saúde, superando o modelo fragmentado.   

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Biografia do Autor

  • Augusto José Bezerra de Andrade, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde, Natal, (RN), Brasil

    Mestre em Saúde Coletiva

  • Andrezza Karine Araújo de Medeiros Pereira, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Curso de Enfermagem, Departamento de Enfermagem, Pau dos Ferros, (RN), Brasil.

    Doutora em Ciência da Saúde

  • Claudia Helena Soares de Morais Freitas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde, Natal, (RN), Brasil

    Doutora em Saúde Coletiva

  • Marcelo Viana da Costa, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde, Natal, (RN), Brasil

    Doutor em Ciências da Saúde

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Publicado

2025-03-17

Como Citar

1.
Andrade AJB de, Pereira AKA de M, Freitas CHS de M, Costa MV da. Regulação profissional na saúde: o que dizem os documentos regulatórios sobre a colaboração interprofissional?. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 17º de março de 2025 [citado 29º de março de 2025];57(2):e-225091. Disponível em: https://revistas.usp.br/rmrp/article/view/225091