A ilha como maquete ficcional: colonialismo e miscigenção em Utopia, de Thomas More
DOI:
https://doi.org/10.11606/va.i1.199514Palavras-chave:
colonialismo, modernidade, colonialidade, UtopiaResumo
Este artigo se propõe a ler Utopia (1516), de Thomas More, como uma chave de análise das conexões intrínsecas entre a modernidade europeia e um conjunto de práticas produzidas pelo processo colonial. Nesse sentido, nosso objetivo principal é discutir de que modo o discurso ficcional pode servir a nós, leitores contemporâneos, como ferramenta didática para visualizar em territórios gestados pelo processo colonial a persistência de seus mecanismos. Fazer da ficção um campo de exploração e de resposta a esse processo significaria reivindicar a topologia do utópico, fazer deste uma espécie de maquete ficcional das sociedades constituídas pelo colonialismo, antecipando ou refletindo as alterações espaciais que a modernidade impõe.
Downloads
Referências
ANDERSON, Benedict. Imagined Communities: Reflections on the Origins and Spread of Nationalism. London: Verso, 1983.
AZOULAY, Ariella. Desaprendendo momentos decisivos. Revista Zum, São Paulo, v. 17, out. 2019. p. 117-137.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.
CASALI, Romina. De la extinción al genocidio Selk’nam: sobre historia e historias para una expiación intelectual. A contracorriente, Buenos Aires, v. 15, n. 1, 2017. p. 60-78.
CÉSAIRE. Aimé. Une tempête. Paris: Présence Africaine, 1969.
CHAKRABARTY, Dipesh. Provincializing Europe: Postcolonial Thought and Historical Difference. Princeton: Princeton University Press, 2000.
CHARTTEJEE, Partha. La nación en tiempo heterogéneo y otros estudios subalternos. Buenos Aires: CLACSO, 2008.
CHAVES, Castelo Branco. O Portugal de d. João V visto por três estrangeiros. Lisboa: Biblioteca Nacional, 1983.
CLAEYS, Gregory (org.) Utopian literature. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.
ESPOSITO, Roberto. Comunidad, inmunidad y biopolítica. Barcelona: Herder, 2012.
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
GODOY, José Roberto Araújo. Uma estética do espaço latino-americano: colonialidade, soberania, virtualização, 2022, 198 f. Tese (Doutorado em Letras) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2022.
HARAMBOUR-ROSS, Alberto. Borderland Sovereignties: Postcolonial Colonialism and State Making in Patagonia (Argentina and Chile, 1840s-1922), 2012, 283 f. Thesis (PhD History) – Stony Brook University, Stony Brook, 2012.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. The Philosophy of History. New York: Dover, 1956.
MONTAIGNE, Michel. Os ensaios. São Paulo: Penguin-Companhia das Letras, 2010.
MORE, Thomas. Utopia. São Paulo: Penguin-Companhia das Letras, 2018.
O’GORMAN, Edmundo. A invenção da América. São Paulo: Editora Unesp, 1992.
POHL, Nicole. Utopianism after More: The Renaissance and Enlightenment In: CLAEYS, Gregory (org.) Utopian literature. Cambridge: Cambridge University Press, 2010. p. 51-78.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder y clasificación social. Buenos Aires: CLACSO, 2014.
RETAMAR, Roberto Fernández. Caliban. Revista Casa de las Américas, La Habana, n. 68, sept./oct., 1971.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Entre Próspero e Caliban: colonialismo, pós-colonialismo e interidentidade. Novos Estudos Cebrap, São Paulo, n. 66, p. 23-52, 2003.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia dos saberes. In: SANTOS, Boaventura de Souza; MENESES, M. P. org.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.
SARMIENTO, Domingos Faustino. Facundo. Buenos Aires: Libraria La Facultad, 1921.
SHOHAT, Ella; STAM, Robert. Unthinking Eurocentrism: Multiculturalism and the Media. New York: Routledge, 2014.
VIEIRA, Fátima. The Concept of Utopia. In: CLAEYS, Gregory (org.) Utopian literature. Cambridge: Cambridge University Press, 2010. p. 3-27.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2002.
WA THIONG’O, Ngugi. A grain of wheat. Londres: Heinemann, 1967.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 José Roberto Araujo de Godoy
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).