Eunice Caldas: poetisa do amor e do mar
DOI:
https://doi.org/10.11606/va.i2.208588Palavras-chave:
homoerotismo feminino, poesia brasileira, Eunice Caldas, Judith Teixeira, Renée VivienResumo
Na polêmica conhecida como Literatura de Sodoma, ficou claro o embate entre o conservadorismo e o discurso homoerótico desafiador nos anos 1920. No Brasil, na mesma época, uma poetisa ousou cantar seus amores por mulheres. Os poemas de Eunice Caldas (1879-1967) reunidos em Anfitrite (1924) são marcados por um lirismo sensual que se opõe aos padrões monogâmicos heteronormativos. Quase 100 anos após seu lançamento, este artigo se propõe a libertar mais uma vez sua voz, trazendo seus versos a novos olhos. Para isso, além de alguns dados biográficos da poetisa, incluindo sua relação com as portuguesas Maria da Cunha (1872-1917) e Ana de Villalobos Galheto (1863-1944), são estabelecidos diálogos com outras escritoras herdeiras de Safo: Judith Teixeira (1888-1959) e Renée Vivien.
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