“Volverse otra”: a estranheza da voz narrativa nos primeiros relatos de Silvina
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-9651.v0i2p236-265Resumo
Um tom narrativo singular distingue os contos de Viaje olvidado, o primeiro livro de Silvino Ocampo. O objetivo deste artigo é propor uma leitura que especifique em que consiste esta singularidade, a partir do conceito de “voz narrativa” de Maurice Blanchot. A ideia que articula a leitura sustenta que a perplexidade que provocam esses contos não obedece, tal como frequentemente aponta a crítica ocampiana, ao estranhamento a que se vê submetida a perspectiva do relato, mas à estranheza da voz narrativa, irredutível à sua realização formal, que se subtrai à identificação e permanece sempre indeterminada. Na maioria dos casos, os contos apresentam, em uma terceira pessoa raríssima, impossível de caracterizar de um modo unívoco, o acontecimento de uma experiência irrepetível: a que acontece diante da ocorrência espontânea e trivial de uma recordação, de um sonho, uma fantasia, uma obsessão, ou de algo que em ocasiões é difícil estabelecer como tal ou qual. Uma voz que ao mesmo tempo remete, e não, à protagonista de uma história, uma voz que conta, impulsionada pela própria força do relato, menos um acontecimento do passado que a discreta comoção que provoca no presente o relato da ressonância do que, então, estava ainda por ocorrer.
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