A construção imagética de uma Belém idílica: trans-historicidade e movimento das imagens nas apólices da Port of Pará
DOI:
https://doi.org/10.1590/1982-02672021v29e48Palabras clave:
Apólices, Port of Pará, Belém, Modernidade, Imagens trans-históricasResumen
Este trabalho analisa uma gravura representativa da cidade de Belém que ilustra uma apólice da empresa Port of Pará. A análise parte de seus aspectos trans-históricos e de suas reverberações imagéticas, a fim de engendrar uma memória coletiva da cidade assente em seus espectros de modernidade. As apólices, ferramentas transacionais mercantis daquele contexto, são fontes documentais historiográficas por representarem o dinâmico cenário pelo qual as estruturas da cidade se movimentavam no auge do ciclo da borracha. Suas gravuras, ao mesmo tempo que são leituras da cidade sob uma perspectiva desenvolvimentista e cosmopolita, também constituem escrituras de uma nostalgia memorial urbana, de projeção visionária de melancolia e utopia. As gravuras são alicerçadas no movimento de imagens devido ao rearranjo das edificações e da morfologia urbana de Belém, representativas de
diversos momentos históricos da cidade. Analisa-se aqui, a partir da perspectiva warburguiana, essa operação imagética, que sintetiza o forte caráter idílico de uma certa experiência de modernidade numa capital periférica.
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