Transformação e persistência: Antropologia da alimentação e nutrição em uma sociedade indígena amazônica
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v18i18p323-326Resumo
LEITE, Maurício Soares. Transformação e persistência: Antropologia da alimentação e nutrição em uma sociedade indígena amazônica. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 2007, 239 p.
A obra de Maurício Soares Leite: “Trans-
formação e persistência: Antropologia da ali-
mentação e nutrição em uma sociedade indígena
amazônica”, fruto de um doutorado em Saúde
Pública, propõe ao leitor um estudo de caso ex-
tremamente interessante por seu enfoque que
combina as perspectivas analíticas de várias dis-
ciplinas em torno das escolhas de provimento
e de consumo alimentar de uma comunidade
indígena. A preocupação do autor, “nutricio-
nista transmutado em antropólogo”, com da-
nos à saúde causados pelo empobrecimento
das dietas nativas e com a falta de eficácia das
ações programadas pelo SUS no trato de gru-
pos indígenas o estimulou a detalhar as solu-
ções ideadas por uma sociedade indígena para
resolver problemas de subsistência alimentar.
O pesquisador se debruçou, portanto, sobre
os procedimentos de um grupo de trezentos
índios Wari’ (pertencentes à família lingüísti-
ca Txapakura), que residiam em Santo André,
uma aldeia situada no Estado de Rondônia, na
margem esquerda do rio Pacáas Novos, junto
a um posto da FUNAI. A decisão de explicar
as carências nutricionais da comunidade e as
doenças que a afligiam por meio de uma aná-
lise quali-quantitativa dos ingredientes ingeri-
dos em maio e em novembro 2003 (durante
a estação seca e a estação úmida), de mensura-
ções antropométricas da população, da obser-
vação de seus hábitos alimentares cotidianos e
de comentários dos índios sobre mudanças na
dieta subseqüentes ao contato com os brancos,
fundamentou o estudo. Especificou-se ainda
a participação proporcional de diversas fontes
provedoras de gêneros comestíveis: roças, caça,
pesca ou mercado regional (fornecedor de ali-
mentos industrializados), na composição das
refeições. De forma que, tanto o relato dos cul-
tivos destinados ao consumo familiar e à venda
na cidade de Guajará-Mirim, quanto a obser-
vação das expedições de caça, de pesca ou de
coleta (escalonadas em diversos momentos do
ciclo anual) permitiram ao autor analisar um
elenco significativo de aspectos fisiológicos,
ecológicos e sociais e apontar a complexidade
das motivações envolvidas nos procedimentos
de produção e de consumo alimentar.
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