Tia, eu quero entrar! Docências compartilhadas e escutas interseccionadas desde as infâncias

Autores

  • Renato Noguera Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
  • Luciana Pires Alves Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/FEBF)

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1678-4634202551287350

Palavras-chave:

Decolonialidade, Infância, Educação para as relações étnico-raciais, Docências compartilhadas, Formação de professores

Resumo

Este artigo nasce da articulação entre pensamentos e práticas que se constituem a partir da compreensão da multiplicidade como elemento dinâmico na formação de sensibilidades e políticas da abertura ao diferente e ao diverso. A abertura é o principal gesto ético e estético de desmonte do dispositivo da racialidade como aparato de fabricação do ser do branco e o não ser dos outros. A possibilidade de uma escuta intersecionada desde a infância é o que nos sustenta na pesquisa como uma metodologia do entrelace entre artes, experiências e saberes que nos permitissem compartilhar a docência e viver a experiência estética. O modo de fazer pesquisa se inspirou nas metodologias cartográficas no tocante à produção de registros diários, acervo fotográficos, trabalhos das crianças e dos adultos, para tornar visível a escuta interessada nas vozes e possibilidades coletiva de enunciação. Para constituir o artigo, elencamos duas docências, cujos percursos permitiram uma maior proximidade das crianças e elementos para uma reflexão mais acerca da extensão do dispositivo da racialidade e dos caminhos para seu desmonte. Como conclusões parciais, elaboramos algumas pistas à disposição da atenção, ao envolvimento e à produção de afetos como indicadores do acontecimento referente às abordagens narrativas de pesquisas com crianças no espaço escolar.

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Biografia do Autor

  • Renato Noguera, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

    Renato Noguera tem vivência familiar griot, doutor em filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professor do Departamento de Educação e Sociedade (DES), do Programa de Pós-Graduação em Filosofia, do Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares (PPGEduc) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Coordenador do Grupo de Pesquisa Afroperspectivas, Saberes e Infâncias (Afrosin).

     
  • Luciana Pires Alves, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/FEBF)

    Luciana Pires Alves é professora pesquisadora na educação básica do município de Duque de Caxias e no ensino superior da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/FEBF). Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação (PPGECC), programa de pós-graduação stricto sensu. Integrante do Grupo de Pesquisas AFROSIN-UFRRJ e do Coletivo Infâncias parceria entre Uerj/FEBEF e UFRRJ.

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Publicado

2025-03-17

Edição

Seção

SEÇÃO TEMÁTICA: A FORMAÇÃO DE PROFESSORES, O DEBATE DECOLONIAL E AS LEIS 10639/03 E 11645/08

Como Citar

Tia, eu quero entrar! Docências compartilhadas e escutas interseccionadas desde as infâncias. (2025). Educação E Pesquisa, 51(00), e287350. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202551287350