Caminhadas na natureza com trabalhadoras e trabalhadores da educação: um estudo ecofenomenológico das experiências estéticas

Autores

  • Alberto Cabral Ferreira Instituto Federal do Espírito Santo (IFES)
  • Valéria Ghisloti Iared Universidade Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1678-4634202551283514por

Palavras-chave:

Educação da atenção, Etnografia sensorial, Mundo-mais-que-humano, Walking Ethnography, Correspondência

Resumo

Este estudo objetivou investigar as experiências multissensoriais de trabalhadoras e trabalhadores da comunidade escolar de Pinheiros (Espírito Santo) com~na4 natureza. Trata-se de uma pesquisa pautada em referenciais ecofenomenológicos, que considera as dimensões ecológicas e filosóficas do ser humano nas diferentes interações com os mais-que-humanos. A produção dos dados aconteceu a partir da observação participante e de caminhadas com quatro participantes da comunidade escolar. Foram realizados registros em fotos, vídeos e descrições, apoiados no movimento metodológico denominado como etnografia sensorial, dos/nos mergulhos multissensoriais das experiências estéticas dos participantes da pesquisa. As experiências de cada participante originaram (eco)narrativas, as quais foram analisadas segundo os referenciais da fenomenologia. Os aspectos emergentes surgiram a partir da triangulação das (eco)narrativas e respondem a nossa questão de pesquisa. Portanto, os aspectos emergentes são concebidos como as experiências multissensoriais que afloraram durante as caminhadas com as trabalhadoras e os trabalhadores da comunidade escolar: 1) Finitude da existência humana frente à Mata Atlântica; 2) Protagonismo dos mais-que-humanos; 3) Fluidez dos microclimas da Mata Atlântica; 4) Correspondência entre corpos. Embora este estudo não tenha objetivado prescrever as caminhadas na natureza como manual a ser seguido para práticas de educação ambiental menos antropocêntricas, advogamos que essa forma de ocupação da natureza pode implicar em práticas de educação ambiental nas quais mais-que-humanos estejam em condições simétricas no processo e, também, despertem sentimentos éticos de respeito à alteridade de outros elementos, para além dos seres humanos.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ALAIMO, Stacy. Feminismos transcorpóreos e o espaço ético da natureza. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 25, n. 2, p. 909-934, maio/ago. 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ref/a/frrjFtMLQ6FhwyRj8VS9xSB/?lang=pt# Acesso em: 5 jan. 2024.

» https://www.scielo.br/j/ref/a/frrjFtMLQ6FhwyRj8VS9xSB/?lang=pt#

ALVES, Marcos Fernando Soares; BUFFON, Alessandra Daniela; NEVES, Marcos Cesar Danhoni. A fenomenologia como abordagem metodológica. In: OLIVEIRA JUNIOR, Carlos Alberto de; BATISTA, Michael Corci (org.). Metodologia da pesquisa em educação e ensino de ciências. Maringá: Massoni, 2021. p. 203-252.

BARAD, Karen. "Posthumanist Performativity: Toward an Understanding of How Matter Comes to Matter". Signs, Chicago, v. 28, n. 3, p. 801-31, 2003.

BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. Sobre a Fenomenologia. In: BICUDO, Maria Aaparecida Viggiani; ESPOSITO, Vitoria Helena Cunha (org.). Pesquisa qualitativa em educação: um enfoque fenomenológico. Piracicaba: Unimep, 1994. p. 15-22.

BROWN, Charles; TOADVINE, Ted (ed.). Eco-phenomenology: back to the Earth itself. New York: New York State University Press, 2003.

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura.; GRÜN, Mauro.; AVANZI, Maria Rita. Paisagens da compreensão: contribuições da hermenêutica e da fenomenologia para uma epistemologia da educação ambiental. Cadernos Cedes, Campinas, v. 29, n. 77, p. 99-115, jan./abr. 2009.

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura; STEIL, Carlos; GONZAGA, Francisco Learning from a more-than-human perspective: Plants as teachers. The Journal of Environmental Education, London, v. 51, n. 2, p. 144-155, 2020.

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura; MUHLE, Rita Paradeda. Intenção e atenção nos processos de aprendizagem. Por uma educação ambiental "fora da caixa". Revista Ambiente & Educação, Rio Grande, v. 21, n. 1, p. 26-40, 2016.

COOLE, Diana; FROST, Samantha. New materialisms: ontology, agency and politics. Durham; London: Duke University, 2010.

DUARTE, Júlio Corrêa de Resende Dias; SATO, Michele; PAZOS, Araceli Serantes. A educação ambiental do caminhar. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, Rio Grande, v. 35, n. 3, p. 94-113. 2018. DOI: 10.14295/remea.v35i3.8111. Disponível em: https://periodicos.furg.br/remea/article/view/8111 Acesso em: 22 jan. 2024.

» https://doi.org/10.14295/remea.v35i3.8111» https://periodicos.furg.br/remea/article/view/8111

GOMES, Helen Abdon.; SILVA, Cyntia Thaís da; IARED, Valéria Ghisloti. Afetividade, emoção e a experiência estética na Pesquisa em educação ambiental. In: BRITO, Glaucia da Silva (org.). Cultura, escola e processos formativos em educação: percursos metodológicos e significativos. Rio de Janeiro: BG Business Graphics, 2020. p. 244-258.

HARAWAY, Donna. Anthropocene, capitalocene, plantationocene, chthulucene: making kin. Environmental Humanities, London, v. 6, n. 1, p. 159-165, 2015. DOI: 10.1215/22011919-3615934.

» https://doi.org/10.1215/22011919-3615934

HERMANN, Nadja. Ética e estética: a relação quase esquecida. Porto Alegre: PUCRS, 2005.

IARED, Valéria Ghisloti. (Eco)narrativa de uma caminhada na floresta australiana. Revista Eletrônica Mestrado em Educação Ambiental. Rio Grande, v. 36, n. 3, p. 198-212, set./dez. 2019.

IARED, Valéria Ghisloti. Etnografia em movimento como possibilidade para a interpretação da experiência estética da natureza. Cadernos de Pesquisa, Curitiba, n. esp., p. 184-203, 2018.

IARED, Valéria Ghisloti; HOFSTATTER, Juliani Vallin; DI TULLIO, Ariani.; OLIVEIRA, Haydée Torres de. Educação ambiental pós-crítica como possibilidade para práticas educativas mais sensíveis. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 46, n. 3, p. 1-23, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edreal/a/9D6qd7BTPfKvwxT5Z74sBZg/?format=pdf⟨=pt Acesso em: 5 jan. 2024.

» https://www.scielo.br/j/edreal/a/9D6qd7BTPfKvwxT5Z74sBZg/?format=pdf⟨=pt

IARED, Valéria Ghisloti; OLIVEIRA, Haydée Torres de. O walking ethnography para a compreensão das interações corporais e multissensoriais na educação ambiental. Ambiente & Sociedade, São Paulo, v. 20, n. 3, p. 99-116, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-753X2017000300097&lng=pt&nrm=iso Acesso em: 27 jan. 2020.

» http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-753X2017000300097&lng=pt&nrm=iso

IARED, Valéria Ghisloti; OLIVEIRA, Haydée Torres de. Walking ethnography e entrevistas na análise de experiências estéticas no Cerrado. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 44, n. 2, p. 1-17, 2018. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ep/article/view/143512/138203 Acesso em: 5 jan. 2024

» https://www.revistas.usp.br/ep/article/view/143512/138203

IARED, Valéria Ghisloti; OLIVEIRA, Haydée Torres de; PAYNE, Phillip. The aesthetic experience of nature and hermeneutic phenomenology. The Journal of Environmental Education, London, v. 47, n. 3, p. 191-201, 2016.

IARED, Valéria Ghisloti; OLIVEIRA, Haydée Torres de; REID, Alan. Aesthetic experiences in the Cerrado. (Brazilian savanna): contributions to environmental education practice and research. Environmental Education Research, Abingdon, v. 23, n. 9, p. 1273-1290, 2017.

INGOLD, Timothy. Being a live: essays on movement, knowledge and description. London: Routledge, 2011.

INGOLD, Timothy. Chega de etnografia! A educação da atenção como propósito da antropologia. Educação, Porto Alegre, v. 39, n. 3, p. 404-411, 2016.

INGOLD, Timothy. Da transmissão de representação à educação da atenção. Educação, Porto Alegre, v. 33, n. 1, p. 6-25, 2010.

INGOLD, Timothy. The perception of the environment: essays on livelihood, dwelling and skill. London: Routledge, 2000.

INGOLD, Timothy. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 18, n. 37, p. 25-44, jun. 2012.

JOHNSON, Mark. The meaning of the body: aesthetics of human understanding. Chicago: University of Chicago, 2007.

LE BRETON, David. Elogio del caminar. Madrid: Siruela, 2000.

MACHADO, Paulo Romeu Moreira; MULLER, Carine. Caminhada na natureza: prática alternativa de educação física escolar para fins de educação ambiental. Revista Monografias Ambientais, v. 4, n. 4, p. 749-757, 2011. DOI: 10.5902/223613083951. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/remoa/article/view/3951 Acesso em: 19 jan. 2024.

» https://doi.org/10.5902/223613083951» https://periodicos.ufsm.br/remoa/article/view/3951

MARIN, Andréia aparecida; KASPER, Kátia Maria. A natureza e o lugar habitado como âmbitos da experiência estética: novos entendimentos da relação ser humano - ambiente. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 25, n. 2, p. 267-282, ago. 2009.

MARIN, Andréia Aparecida; OLIVEIRA, Luiz Cláudio Batista. A experiência estética em Dufrenne e Quintás e a percepção de natureza: para uma educação com bases Fenomenológicas. Revista Eletrônica Mestrado em Educação Ambiental, Rio Grande, v. 15, p. 196-210, jul./dez. 2005.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. 2. ed. Tradução de Carlos Alberto Ribeiro de Moura. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

MERLEAU-PONTY, Maurice. O visível e o invisível. Tradução de José Arthur Giannotti e Armando Mora d'Oliveira. São Paulo: Perspectiva, 1984.

PAYNE, Phillip. "Amnesia of the moment" in environmental education. The Journal of Environmental Education, London, v. 51, n. 2, p. 113-143, 2020.

PAYNE, Phillip. (Un)timely ecophenomelogical framings of environmental education research. In: STEVENSON, Robert et al. (ed.). International handbook of research on environmental education. New York: Routledge, 2013. p. 424-437.

PAYNE, Phillip. Vagabonding Slowly: ecopedagogy, metaphors, figurations, and nomadic ethics. Canadian Journal of Environmental Education, Ontario, n. 19, p. 47-69, 2014.

PAYNE, Phillip; WATTCHOW, Brian. Phenomenological deconstruction, slow pedagogy, and the corporeal turn in Wild Environmental/Outdoor Education. Canadian Journal of Environmental Education, Ontario, n. 14, p. 15-32, 2009.

PINK, Sara. Doing sensory ethnography. London: Sage, 2009.

RODRIGUES, Cae. O vagabonding como estratégia pedagógica para a "desconstrução fenomenológica" em programas experienciais de educação ambiental. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 31, n. 1, p. 303-327, 2015.

SATO, Michele. Ecofenomenologia: uma janela ao mundo. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, Rio Grande, n. esp., p. 10-27, jul. 2016. DOI: 10.14295/remea.v0i0.5957. Disponível em: https://periodicos.furg.br/remea/article/view/5957 Acesso em: 7 set. 2021.

» https://doi.org/10.14295/remea.v0i0.5957» https://periodicos.furg.br/remea/article/view/5957

SHEETS-JOHNSTONE, Maxine. The primacy of movement. Amsterdam: John Benjamins, 1999.

Figura com círculo no centro com o texto "Pesquisa participante - Walking Etnography" e linhas que ligam a caixas de texto coloridas com os seguintes itens: Conversas informais, fotografias, vídeos, áudios, Strava, , cadernos de campo,

Publicado

2025-06-02

Edição

Seção

Seção Artigos

Como Citar

Caminhadas na natureza com trabalhadoras e trabalhadores da educação: um estudo ecofenomenológico das experiências estéticas. (2025). Educação E Pesquisa, 51(00), e283514. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202551283514por