Formação de professores de espanhol e a descapitalização simbólica da universidade
DOI:
https://doi.org/10.1590/S1678-4634202046220409%20Palabras clave:
Projeto OYE, Formação de professores de espanhol, Descapitalização da universidade, Lei Federal 11.161/05Resumen
Este artigo discute as relações de mercado que permeiam a educação e a formação docente nas últimas décadas, em suas dimensões materiais e simbólicas. Parte de análises acerca do Projeto OYE, proposta de formação de professores de espanhol a distância, anunciada em 2006 pela Secretaria de Educação do estado de São Paulo, em parceria com o Grupo Santander e outras instituições privadas espanholas. Ao realizar uma leitura de recorte discursivo de textos e documentos relacionados ao OYE, identifica um processo pelo qual o Estado destitui as universidades de seus capitais mais valiosos no campo educacional – a saber, sua cultura de tipo acadêmica e seus saberes pedagógicos e científicos - e as relega a um papel meramente coadjuvante em uma proposta de formação docente. Esse processo, que nomeamos como uma descapitalização simbólica das universidades, acompanha sua descapitalização financeira, desobrigando o investimento público em ensino superior e contribuindo com a luta simbólica por posições no campo educacional. Segue-se a esse processo o aprofundamento da desprofissionalização docente, isto é, uma diminuição do peso das universidades e do ensino superior na formação de futuros professores para a educação básica. O resultado é a imposição de um modelo de formação técnica, associada às novas tecnologias, desvinculada das práticas universitárias, da construção da autonomia docente e do trabalho intelectual.
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