A coragem de ler e escrever na escola brasileira

Autores/as

  • Betina Schuler Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1678-4634202450276579

Palabras clave:

Leitura, Escrita, Escola, Mestre, Parrésia

Resumen

Precisamos de coragem para ler e escrever na escola brasileira no presente? Quais os efeitos dos modos de ler e escrever na escola, em se tratando da condução das condutas em tempos de ataques às escolas, aos professores e aos livros? A partir de tais problematizações, tendo em conta os estudos foucaultianos sobre a genealogia da subjetivação, neste artigo, enquanto ensaio teórico, parte-se da perspectiva de que o ethos é o ponto de articulação entre dizer a verdade e o bem conduzir-se e conduzir os demais. Inspirando-nos principalmente na obra de Foucault A coragem da verdade , faz-se um recorte temático para perguntar pelos modos de ler e escrever na escola hodiernamente. Para tanto, pensa-se sobre os modos de veridição que operam no presente quando se trata das práticas de leitura e escrita, bem como sobre a força desse outro que nos atravessa quando lemos e escrevemos na escola. Sem buscar uma aplicação fácil ou anacrônica, conjecturam-se a composição e a força do ensino no presente, atravessadas por algumas características específicas da parrésia , para tomar tal ferramental analítico, considerando-se as práticas de leitura e de escrita e a figura do mestre em suas relações, ainda, como um ato de coragem. Essa postura está conectada a uma crítica em nosso presente, na defesa da democratização do acesso e do exercício de tais práticas como exercícios possíveis de certo cuidado de si.

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Publicado

2024-05-20

Cómo citar

A coragem de ler e escrever na escola brasileira. (2024). Educação E Pesquisa, 50, e276579. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202450276579