Compreensão, aprendizagem e linguagem: uma abordagem hermenêutica
DOI:
https://doi.org/10.1590/S1678-4634202349260638Palavras-chave:
Compreensão, Aprendizagem, Experiência, Jogo, LinguagemResumo
Este ensaio responde a um problema. Na conferência Educação é educar-se, Gadamer procura justificar a proposição segundo a qual só é possível aprender pela conversação. Todavia, ele não apresenta tal justificação, mas se resume a relatar experiências pessoais com aprendizagem. Assim, este ensaio assume o desafio de justificar sua proposição. A fim de delimitar o problema, a concepção de linguagem aqui pressuposta se baseará metodologicamente apenas em Verdade e método. Em sua obra capital, Gadamer concebe a linguagem estritamente como palavra. A partir daí, este ensaio desenvolve-se resumidamente assim. A compreensão é condição de possibilidade da aprendizagem, pois não é possível aprender algo incompreendido. Compreender significa apreender o sentido de algo, torná-lo familiar. Aprender, por sua vez, requer a aquisição da habilidade necessária para realizar uma atividade relacionada à coisa compreendida. Ora, para aprender a fazer algo, é necessário primeiro elaborar em seu ser o que deve ser aprendido. Senão, permanece indeterminada a coisa mesma da qual deve se ocupar a aprendizagem. Para elaborá-la em seu ser, há apenas um meio: a linguagem, a palavra. A linguagem possibilita determinar o que é aquilo com que alguém está lidando. Assim, este ensaio consiste em um percurso que começa com a determinação da compreensão e aprendizagem como experiência. Então, a experiência estrutura-se como jogo e, por fim, como linguagem, cujo autêntico ser é a conversação. Eis, enfim, como se justifica a proposição segundo a qual só é possível aprender pela conversação.
Downloads
Referências
AGAMBEN, Giorgio. O aberto: o homem e o animal. Lisboa: Edições 70, 2011.
ARISTÓTELES. Metafísica. v. 2. 2. ed. São Paulo: Loyola 2005.
BACK, Rainri. O jogo da historicidade. Em Tempo de Histórias, Brasília, DF. n. 16, p. 13-32, jan. 2010. https://doi.org/10.26512/emtempos.v0i16.19909
» https://doi.org/10.26512/emtempos.v0i16.19909
BACK, Rainri. Por uma concepção filosófica de educação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 45, p. 1-15, nov. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/s1678-4634201945205293B
» https://doi.org/10.1590/s1678-4634201945205293B
BACK, Rainri. Compreensão e aprendizagem. Educação e Pesquisa, São Paulo, 2023. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202349256358.
» https://doi.org/10.1590/S1678-4634202349256358
BROGAN, Walter. Basic concepts of hermeneutics: gadamer on tradition and community. Duquesne Studies in Phenomenology, Pittsburgh, v. 1, n. 1, p. 1-12, 2020. Disponível em: https://dsc.duq.edu/dsp/vol1/iss1/3 Acesso em: 27 out. 2022.
» https://dsc.duq.edu/dsp/vol1/iss1/3
DAVEY, Nicholas. The (impossible) future of hermeneutics. Journal of the British Society for Phenomenology, London, v. 48, n. 3, p. 209-221, 2017. https://doi.org/10.1080/00071773.2017.1303115
» https://doi.org/10.1080/00071773.2017.1303115
DAVEY, Nicholas. Displacing hermeneutics with the hermeneutical? Duquesne Studies in Phenomenology, Pittsburgh, v. 1, n. 1, 2020. Disponível em: https://dsc.duq.edu/dsp/vol1/iss1/6 Acesso em: 27.10.22.
» https://dsc.duq.edu/dsp/vol1/iss1/6
FLICKINGER, Hans-Georg. A caminho de uma pedagogia hermenêutica. Campinas: Autores Associados, 2010.
FLICKINGER, Hans-Georg. Gadamer & a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.
FOUCAULT, Michel. Arqueologia do saber. 6. ed. 1. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.
GADAMER, Hans-Georg. Gesammelte Werke 1: Hermeneutik I. 10 Bände. Unveränd. Taschenbuchausg. Tübingen: Mohr Siebeck, 1999.
GADAMER, Hans-Georg. La educación es educarse. Barcelona: Paidós, 2000.
GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método I: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. 5. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Universidade São Francisco, 2003.
GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método II: complementos e índice. 2. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Universidade São Francisco, 2004.
GADAMER, Hans-Georg. La dialéctica de Hegel: cinco ensayos hermenéuticos. 6. ed. Madrid: Cátedra, 2005.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Propedêutica filosófica. Lisboa: Edições 70, 1989.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Fenomenologia do Espírito. 2. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Universidade São Francisco, 2003.
HEIDEGGER, Martin. O princípio do fundamento. Lisboa: Instituto Piaget, 1999.
HEIDEGGER, Martin. Caminhos da floresta. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002a.
HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Parte I. 12. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Universidade São Francisco, 2002b.
HEIDEGGER, Martin. Os conceitos fundamentais da metafísica: mundo, finitude e solidão. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
HUME, David. Investigação acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 2000.
HUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica. Aparecida: Ideias & Letras, 2006.
HYPPOLITE, Jean. Gênese e estrutura da Fenomenologia do Espírito de Hegel. 2. ed. São Paulo: Discurso, 2003.
KANT, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.
KANT, Immanuel. Sobre a pedagogia. Lisboa: Edições 70, 2012.
KANT, Immanuel. Metafísica dos costumes. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Universidade São Francisco, 2013.
LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1997.
MARQUARD, Odo. Abschied vom Prinzipiellen: philosophische studien. Stuttgart: Reclam, 2000.
NOBRE, Marcos. Como nasce o novo: experiência e diagnóstico de tempo na Fenomenologia do Espírito de Hegel. São Paulo: Todavia, 2018.
PLATÃO. Diálogos: Teeteto (ou do conhecimento); Sofista (ou do ser); Protágoras (ou sofistas). Bauru: Edipro, 2007.
RISSER, James. Hermeneutic considerations for understanding music. International Yearbook for Hermeneutics, Tübingen, v. 16, p. 61-75, 2017. Disponível em: https://www.academia.edu/48961372/Hermeneutic_Considerations_for_Understanding_Music_Yearbook Acesso em: 03.11.22.
» https://www.academia.edu/48961372/Hermeneutic_Considerations_for_Understanding_Music_Yearbook
RISSER, James. Hearing the other: communication as shared life. Journal of Applied Hermeneutics, Calgary, v. 1, p. 1-17, 2019a. https://doi.org/10.11575/jah.v0i0
» https://doi.org/10.11575/jah.v0i0
RISSER, James. When words fail: on the power of language in human experience. Journal of Applied Hermeneutics, Calgary, v. 1, p. 1-11, 2019b. https://doi.org/10.11575/jah.v0i0
» https://doi.org/10.11575/jah.v0i0
ROHDEN, Luiz. “Ser que pode ser compreendido é linguagem”: a ontologia hermenêutica de Hans-Georg Gadamer. Revista Portuguesa de Filosofia, Lisboa, v. 56, n. 3/4, p. 543-557, jul./dez. 2000. Disponível em: https://www.academia.edu/44341556 Acesso em: 25 jan. 2022.
» https://www.academia.edu/44341556
ROHDEN, Luiz. Hermenêutica filosófica: entre a linguagem da experiência e a experiência da linguagem. São Leopoldo: Unisinos, 2005.
RORTY, Richard. A filosofia e o espelho da natureza. 3. ed. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.
SCHILLER, Friedrich. Cartas sobre a educação estética da humanidade. São Paulo: EPU, 1991.
SCHLEIERMACHER, Friedrich D. E. Hermenêutica: arte e técnica da interpretação. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
SCHMIDT, Lawrence. Back to basics: the forgotten fore-conception of completeness. Duquesne Studies in Phenomenology, Pittsburgh, v. 1, n. 1, p. 1-12, 2020. Disponível em: https://dsc.duq.edu/dsp/vol1/iss1/7 Acesso em: 27 out. 2022.
» https://dsc.duq.edu/dsp/vol1/iss1/7
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas. São Paulo: Nova Cultural, 2000.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Educação e Pesquisa
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
A publicação do artigo em Educação e Pesquisa implica, automaticamente, por parte do(s) autor(es) a cessão integral e exclusiva dos direitos autorais da primeira edição para a revista, sem quaisquer honorários.
Após a primeira publicação, os autores têm autorização para assumir contratos adicionais, independentes da revista, para a divulgação do trabalho por outros meios (ex.: repositório institucional ou capítulo de livro), desde que citada a fonte completa, com as referências da mesma autoria e dos dados da publicação original.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões da revista.