Extração de perto: Notas críticas sobre as atividades dos trabalhadores do fluxo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2023.210701Palavras-chave:
atividade, trabalho, extração, clima, petróleoResumo
Neste artigo analisamos o trabalho dos operadores da indústria petrolífera em plataformas offshore. Mostramos que o negócio da extração requer uma multiplicidade de competências técnicas. O fato destas competências serem implantadas dentro de uma divisão de trabalho altamente desenvolvida leva os operadores a concentrarem a sua atenção no caráter imediato das suas atividades de trabalho em detrimento de uma problematização das suas implicações materiais distantes e das suas finalidades. Em vez de trabalhar para reduzir esses pontos cegos, a indústria petrolífera tende, em vez disso, a tirar partido deles e a desenvolver um discurso que desencoraje os operadores de questionarem o âmbito do seu trabalho e de tomarem nota das suas consequências nocivas para o clima. Este artigo sugere que uma ecologização do trabalho só pode ser conseguida através de uma análise contextualizada das atividades laborais, na qual os trabalhadores devem participar e que muitas vezes tende a ser impedida pelas próprias empresas.
Downloads
Referências
AOKI, M. 2009. Corporations in evolving diversity: cognition, governance, and institutions. Oxford: Oxford University Press.
ARENDT, H. 2014. A condição humana. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária.
ARNHOLD, V. 2019. « L’apocalypse ordinaire. La normalisation de l’accident de Fukushima par les organisations de sécurité nucléaire », Sociologie du travail, Vol. 61, n°1.
BARCA, S. 2010. « Pão e veneno : reflexões para uma investigação sobre o ‘ambientalismo do trabalho’ em Itália, 1968-1998 ». Laboreal 6 (2).
BENTON, T. 1989. « Marxism and Natural Limits ». New Left Review, n°178.
BARTHE, Y., C. Rémy, D. Trom et al. 2016. « Sociologia pragmática: guia do usuário ». Sociologias 18 (41): 84-129.
BENDASSOLLI, P., et J. E. BORGES-ANDRADE. 2011. « Significado do trabalho nas indústrias criativas ». Revista de Administração de Empresas 51 (avril): 143-59.
BIDET, A., M. BOUTET, F. CHAVE. 2019. « Além da inteligibilidade mútua: a atividade coletiva como uma transação. Uma contribuição de pragmatismo ilustrado por três casos ». Trabalho & Educação 28 (3): 13-34.
BONNEUIL, C., P.-L. CHOQUET, B. FRANTA. 2021. « Early warnings and emerging accountability: Total’s responses to global warming, 1971–2021 ». Global Environmental Change 71: 102386.
BOVENSIEPEN, J. 2020. « On the banality of wilful blindness: Ignorance and Affect in Extractive Encounters ». Critique of Anthropology 40 (4): 490-507.
BRIDGE, G., P. LE BILLON. 2017. Oil. Cambridge: Polity Press.
CASEY, E. 2017. « Being on the edge: body, place, climate ». In Bruce Janz (Ed.), Place, Space and Hermeneutics, 451-463. Contributions to Hermeneutics, Vol. 5. Springer Cham.
CUKIER, A. 2020. « O neoliberalismo como “desdemocratização” do trabalho ». Revista Direito e Práxis 11: 2502-16.
DODIER, N. 1995. Les hommes et les machines: la conscience collective dans les sociétés technicisées. Paris: Métailié.
DREYFUS, H. 2005. « Overcoming the myth of the mental ». Proceedings of the American Philosophical Association 79(2): 47-65.
ELY, R., D. MEYERSON. 2010. « An organizational approach to undoing gender: the unlikely case of offshore oil platforms ». Research in Organizational Behavior 30: 3-34.
FEHER, M. 2018. Rated Agency: Investee Politics in a Speculative Age. New York: Zone Books.
FOLKERS, A. 2020. « Air-appropriation: the imperial origins and legacies of the Anthropocene ». European Journal of Social Theory 23(4): 611-30.
FOSTER, J. B. 2005. A ecologia de Marx: materialismo e natureza. Rio de Janeiro : Civilização Brasileira.
FRASER, N. 2015. « Por trás do laboratório secreto de Marx. Po ruma concepção expandida do Capitalismo », Revista Direito e Práxis, vol. 6, núm. 10, pp. 704-728.
GINZBURG, C. 1989. « Sinais. Raízes de um paradigma indiciário. » In C. Ginzburg, Mitos, emblemas, sinais. Morfologia e história, pp. 143-275. São Paulo: Cia. das Letras.
GUDYNAS, E. 2015. Extractivismos: ecología, economía y política de un modo de entender el desarrollo y la naturaleza. CEDIB, Centro de Documentación e Información Bolivia.
HENRY, E. 2019. « Fabriquer des irresponsables ». Sociologie du travail 61 (2).
JOBERT, G. 2014. Exister au travail: Les hommes du nucléaire. Toulouse: Erès.
KNORR CETINA, K., 2014. « Scopic media and global coordination: The mediatization of face-to-face encounters ». In Mediatization of Communication, pp. 39-62. Berlin : De Gruyter.
KÜHNE, K., N. BARTSCH, R. TATE, J. HIGSON, A. HABET. 2022. « Carbon bombs - Mapping key fossil fuel projects ». Energy Policy 166: 112950.
MCGLADE, C., P. EKINS. 2015. « The geographical distribution of fossil fuels unused when limiting global warming to 2°C ». Nature 517(7533): 187-90.
MITCHELL, T. 2011. Carbon democracy : political power in the age of oil. Londres : Verso.
MORICOT, C. 2019. « Quand la reprise en main n’est plus possible ». Techniques & Culture 72(2): 164-79.
MUNIESA, F., L. DOGANOVA. 2020. « The time that money requires: use of the future and critique of the present in financial valuation ». Finance and Society 6(2): 95-113.
PASQUINELLI, M. 2020. « Sur les origines du General Intellect de Marx ». Mondes du travail 24-25: 131-150.
RAJAK, D. 2020. « Waiting for a deus ex machina: ‘sustainable extractives’ in a 2°C world ». Critique of Anthropology 40 (4): 471-89.
ROT, G., VATIN F. 2022. Ao longo do fluxo. O trabalho de vigilância e controle nas indústrias química e nuclear. Curitiba: Editora CRV.
SCHERER, M., D. PIRES, N. DE BRITO PRADO, et E. Costa de Menezes. 2022. « Contribuições da ergologia para a gestão do trabalho: entrevista com Yves Schwartz ». Trabalho, Educação e Saúde 20 (septembre): 6-6.
SCHWARTZ, Y. 2011. « Conceituando o trabalho, o visível e o invisíve ». Trabalho, Educação e Saúde 9 (supl.1).
---------. 2021. Travail, ergologie et politique. Paris: La Dispute.
TANGUY, L. 2017. A sociologia do trabalho na França : pesquisa sobre o trabalho dos sociólogos 1950-1990. São Paulo : Edusp.
VATIN, F. 1987. La fluidité industrielle. Paris: Klincksieck.
---------. 2002. Epistemologia e sociologia do trabalho. Epistemologia e sociedade, 184. Lisboa: Instituto Piaget.
WALLERSTEIN, I. 2001 [1974]. The Modern World-System, Volume 1. Berkeley: University of California Press.
WESZKALNYS, G. 2015. « Geology, potentiality, speculation: on the indeterminacy of first oil ». Cultural Anthropology 30(4): 611-39.
ZETKIN COLLECTIVE. 2018. White skin, black fuel: on the danger of fossil fascism. Londres : Verso.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Pierre-Louis Choquet

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho com licença de uso da atribuição CC-BY, que permite distribuir, remixar, adaptar e criar com base no seu trabalho desde que se confira o devido crédito autoral, da maneira especificada por CS.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou em sua página pessoal) a qualquer altura antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).