Uma casa-nação assombrada: Conceição Lima e a nação pós-colonial de São Tomé e Príncipe
DOI:
https://doi.org/10.11606/va.v25.n2.2025.219454Palavras-chave:
fantasmagoria, memória, casa, Conceição Lima, São Tomé e PríncipeResumo
Apoiando-se na compreensão histórica do conceito de fantasmagoria e interagindo com perspectivas críticas sobre fantasmas, este artigo argumenta que o cronótopo da “casa assombrada” pode servir como uma alegoria valiosa para retratar a nação pós-colonial. A análise centrar-se-á no estudo do caso específico de São Tomé e Príncipe e nas representações deste arquipélago africano como uma casa espectral habitada por diferentes espíritos e fantasmas. Explorará a forma como as noções de violência, resistência, pertença e herança são articuladas discursivamente nos escritos da poetisa são-tomense Conceição Lima. Defendo que este contexto, em que um país se debate com preocupações históricas relacionadas com o colonialismo e os seus legados, faz dos fantasmas não apenas símbolos metafóricos, mas também sujeitos políticos, capazes de desenvolver regimes alternativos de conhecimento e historicidade que revelam uma sociedade são-tomense profundamente fracturada e ainda assombrada (tanto figurativa como literalmente) pelas consequências do colonialismo.
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