Release de Margareth Artur para o Portal de Revistas da USP, São Paulo, Brasil
Desafios para a medicina não faltam hoje em dia. Doenças geradas por novos vírus, por vezes letais, requerem estudos inovadores, teóricos e práticos em laboratórios para pesquisas que necessitam, cada vez mais, serem atualizadas e especializadas. Dessa maneira, há uma preocupação e reflexões a respeito dos cursos atuais de medicina, suas novas necessidades e mudanças. O artigo da Revista de Medicina afirma que “para acompanhar as exigências da contemporaneidade, os programas pedagógicos, os quais contém as exigências curriculares, dos cursos de medicina deveriam ser revistos”. Slawka e Novais introduzem o conceito deempreendedorismo na medicina, no sentido de gestão e administração na formação dos estudantes de medicina.
Isso porque o ensino de medicina, atualmente, não incorpora fatos do cotidiano e não investe em inovações que possam beneficiar a sociedade. Este é o momento de serem criadas disciplinas que realizem ações significativas para mudanças nos currículos dos cursos de medicina. A esse respeito, o Ranking Universitário da Folha 2019 realizou uma pesquisa sobre quantas disciplinas foram adicionadas, ligadas à gestão dos serviços de saúde e, como conclusão, observou-se que, dos 18 casos estudados, apenas 8 atendiam à proposta. Na pesquisa, em relação à identificação das disciplinas, foram contabilizados empreendedorismo, gestão, inovação, política, economia, administração, mercado, serviços e qualidade.
A investigação priorizou a didática com as características pedagógicas das disciplinas “que beneficiam a gestão de serviços de saúde” e os projetos pedagógicos “considerados pelo presente estudo fundamentais para o exercício profissional da medicina”. Os autores consideram os serviços públicos e os serviços privados de saúde como empreendimentos que abrigam o significado de prover o médico de “prática efetiva”, no desenvolvimento de suas potencialidades, para gerenciar serviços e “projetos de saúde”, sem negligência da boa administração do tempo. Como consequência dessas medidas, além do aumento da produtividade, haverá melhora na qualidade de vida do médico, “menos estresse e, por conseguinte, melhor saúde mental”.
Especificamente na área médica, observa-se que as disciplinas relacionadas ao empreendedorismo e à gestão não são suficientes, pois além da carência de profissionais apropriados, falta financiamento e disposição “do corpo docente às mudanças curriculares”. Segundo a pesquisa, “menos de 1% do tempo total da formação acadêmica é investida no ensino de empreendedorismo e de gestão”. Os autores Slawka e Novais se preocupam em esclarecer que as informações relatadas no artigo “são públicas, disponibilizadas nos sites das respectivas faculdades”. O artigo conta com tabelas que mostram operfil das disciplinas ofertadas atualmente, análise comparativa entre as ementas atuais e as matérias propostas e a distribuição das instituições do ensino médico por região.
É indispensável uma reestruturação na base curricular das faculdades de medicina, mesmo porque essas novas disciplinas, que beneficiam a gestão, precisam chegar até as regiões mais distantes dos centros de ensino médico concentrados em áreas de faculdades no Sul e no Sudeste. Esse enfoque na necessidade de inclusão dessas novas disciplinas “na matriz curricular” é quase inexistente na maioria das instituições do ensino de medicina no Brasil, visto que o tema ainda é bastante incipiente, pela pouca “duração das escassas disciplinas” que, além disso, apresentam-se como opcionais. Os alunos que querem investir em fundamentos e fontes “alternativas de estudo” precisam trilhar caminhos que os levem a novos conhecimentos e práticas, sozinhos ou em grupos.
Artigo
SLAWKA, E.; NOVAIS, M. E. Gestão em saúde: nova disciplina nos cursos de medicina. Revista de Medicina, São Paulo, v. 100, n. 3, p. 212-219, 2021. INSS: 1679-9836. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v100i3p212-219. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/171338. Acesso em: 11 ago. 2021.
Contatos
Eric Slawka– Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina. ericslawka@yahoo.com.br
Mário Emmanuel Novais– Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina. mariohdl@me.com