Possibilidades e (in)viabilidades do espanhol na educação básica: as leis da metade
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-9651.v0i19p676-703Palavras-chave:
Língua espanhola, Políticas linguísticas, Acontecimento discursivo, Lei 13.415/2017, Análise do discursoResumo
Problematizamos neste artigo dois conjuntos de discursividades: os sistemas de enunciabilidade tanto da possibilidade quanto da (in)viabilidade do ensino-aprendizado de espanhol. Nosso corpus está constituído pela textualidade da Lei nº 11.161/2005, Resolução nº 2.742/2015, Lei nº 13.415/2017 e por dizeres de professores de espanhol. Sob o paradigma discursivo-psicanalítico, a partir do viés interpretativista, acionamos a vertente francesa da Análise do Discurso com atravessamento da psicanálise e em diálogo com as Ciências Sociais (Pêcheux, 2008; Foucault, 2003, 2013). Desse modo, depreendemos os efeitos de sentido das discursividades das leis e as representações dos dizeres dos sujeitos-professores acerca desses dispositivos. Concluímos que a enunciabilidade da possibilidade ressignificou os conflitos decorrentes do processo de textualização da Lei do Espanhol. E que os dizeres da (in)viabilidade agravam assimetrias, reproduzem e legitimam desigualdades sociais, reduzindo as perspectivas de uma educação linguística plural nas escolas brasileiras.
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