Os sins de Molly Bloom e Sra. Ramsay
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2448-1769.mag.2025.236237Palavras-chave:
Ulysses, James Joyce, Passeio ao farol, Virginia Woolf, ModernismoResumo
Este artigo examina o uso do advérbio “sim” pelas personagens Molly Bloom, de Ulysses (1922), e sra. Ramsay, de To the Lighthouse (1927). A utilização do “sim” por Molly em seu monólogo interior está atrelada a um tempo subjetivo que se contrai e dilata conforme as pulsões da personagem, sobrepondo-se ao tempo objetivo dos relógios de Dublin. Por outro lado, o emprego do “sim” pela sra. Ramsay evidencia uma circularidade temática, mesclando o tempo subjetivo e o objetivo, enquanto reafirma os papéis sociais de esposa, mãe e anfitriã ocupados pela personagem, em contraste com a autoafirmação corporal de Molly. Além disso, enquanto Molly está ensimesmada em seu monólogo interior, as personagens de Woolf compartilham um tempo social, o que impede a vivência de uma atemporalidade maximizada como a experimentada pela primeira. Por fim, apesar das diferenças estilísticas, conclui-se que tanto Joyce quanto Woolf utilizam o “sim” para desvelar complexidades temporais que desafiam o tempo tradicional do romance, bem como aspectos da interioridade de suas personagens que não são evidentes em um primeiro momento.
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