"É uma fotografia muda. Este livro é um silêncio": considerações sobre a incomunicabilidade em A hora da estrela
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2448-1769.mag.2025.236272Palavras-chave:
A hora da estrela, Clarice Lispector, Incomunicabilidade, Literatura e sociedadeResumo
O presente artigo busca analisar como a incomunicabilidade é formalizada em A hora da estrela (1977), a fim de pensar o que esse processo revela sobre o Brasil da década de 1970. Para tanto, investigam-se a adversidade do sujeito letrado em face da representação do desvalido e a comunicação inoperante daquela a quem o direito ao grito nunca foi ofertado. Desse quadro emerge uma discussão profícua sobre a cisão entre a camada intelectualizada e as classes desfavorecidas, e a condição degradante do migrante nordestino em um cenário de modernização conservadora que lhe nega a plena integração. A hipótese aventada é a de que, ao trazer à baila tais questões, a narrativa clariceana tensiona impasses específicos da sociedade brasileira no período em que a novela foi publicada.
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