“Edgar Allan Poe”: uma tradução comentada da crônica de Rubén Darío
DOI :
https://doi.org/10.11606/issn.2359-5388.i23p162-177Mots-clés :
Edgar Allan Poe, Crônica, Tradução, Rubén DaríoRésumé
Na crônica “Edgar Allan Poe” (2013), um narrador angustiado e indignado com as imagens assombrosas e, ao mesmo tempo, maravilhosas que se multiplicam ao redor dele em um passeio por Manhattan é desenvolvido pelo autor nicaraguense Rubén Darío. No texto, o cronista evidencia por que é importante falar da perspectiva não só da América hispânica, como também de uma América periférica a observar, crítica, o centro. Com um ritmo elétrico, marcado pela ausência de pausas, assim como através do uso de uma linguagem híbrida, repleta de referências hipertextuais, o texto é sufocante – da mesma forma que, para Darío, parecia ser sufocante Manhattan. Neste sentido, e para manter a confusão de estilo e imagens que faz Darío, muito provavelmente de forma proposital, minha proposta de tradução da crônica “Edgar Allan Poe” é guiada por duas premissas: 1) Promover a manutenção de sua pontuação peculiar, que preza pelo ritmo acelerado e dá ao leitor poucas oportunidades de “respirar” entre as diferentes observações que faz o narrador; 2) Reiterar o caráter híbrido e hipertextual da crônica, reproduzindo as diversas referências que Darío faz a personagens (históricos e fictícios) e a espaços, assim como seu uso de palavras em inglês, que, através do contrato de verossimilhança, convida o leitor a embarcar naquela viagem pela metrópole americana.
##plugins.themes.default.displayStats.downloads##
Références
ANTUNES, Antonio Lobo. O meu nome é legião. São Paulo: Alfaguara, 2009.
BÍBLIA. A. T. O evangelho segundo Marcos. In: BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada: Antigo e Novo Testamento. Trad. João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1966. pp. 678-686.
CANDIDO, Antonio. “A Vida ao Rés-do-Chão”. In: CANDIDO, Antonio et al. A Crônica: O gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. Campinas: Editora Unicamp, 1992. pp. 13-22.
DARÍO, Ruben. Los raros. Buenos Aires: Letras libres, 1896.
DARÍO, Ruben. “Edgar Allan Poe.” In: Viajes de un Cosmopolita Extremo. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2013. pp. 129-133.
DE LISLE, Leconte. Poèmes barbares. Lyon: Librairie Alphonse Lemerre, 1862.
JOUVE, Vincent. Por que estudar literatura? Trad. Marcos Bagno e Marcos Marciolino. São Paulo: Parábola editorial, 2012.
LAZARO IGOA, Rosario; COSTA, Walter Carlos. “Edição e tradução nas crônicas brasileiras dos séculos XIX e XX: Entrevista com John Gledson.” In: Cadernos de Tradução, v. 36, n. 2 (2016): pp. 311-329.
MONTALDO, Graciela. “Guía Rubén Darío.” In: DARÍO, Rubén. Viajes de un Cosmopolita Extremo. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2013. pp. 11-52.
PAIVA, Daniel. “Fronteira e contacto em O meu nome é Legião.” In: Estudos geográficos de Lisboa, v. 42, n. 1 (2013): pp. 183-201.
PIGLIA, Ricardo. El Último Lector. Buenos Aires: Debolsillo, 2014.
SHAKESPEARE, William. The Tempest. London: Penguin popular classics, 1992.
VILLORO, Juan. “La crónica, ornitorrinco de la prosa”. La Nación, Buenos Aires, 22 de Janeiro de 2006, Suplemento Cultura.