O jogo da criatividade: a função dos signos icônicos no pensamento
DOI :
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2025.238235Mots-clés :
Abdução, Cognição, Iconicidade, Pensamento criativo, PercepçãoRésumé
A criatividade, manifestada como capacidade produtiva do pensamento, expressa flexibilidade e originalidade ao abordar desafios e situações inusitadas. Ideias inovadoras parecem surgir espontaneamente, sendo associadas ao conceito de intuição. Peirce criticou a ideia cartesiana de intuição, entendida como qualquer cognição não resultante de cognições anteriores, e que serviria como premissa para deduções. Demonstrou que todo conhecimento deriva de fatos externos, captados pela percepção e processados inferencialmente, via mediação sígnica, sendo fruto da combinação de cognições prévias derivadas de julgamentos anteriores da experiência. Embora a espontaneidade aparente dos insights criativos, que Peirce denominou abdutivos, não pareça resultar de inferências prévias, à luz do quadro seu conceitual pode-se compreender o funcionamento da criatividade em termos lógicos. Dessa forma, o presente artigo busca evidenciar que: (a) o pensamento criativo resulta de cadeias inferenciais abdutivas, cujas premissas são apreendidas via percepção; (b) tais premissas são processadas pela mente em nível mais ou menos consciente; (c) essas premissas são signos icônicos ou apresentam alto grau de iconicidade, tipo de mediação em que predominam a vagueza e abertura inerentes à categoria da primeiridade; e (d) que é possível buscar e utilizar esses signos capazes de refletir a realidade desconhecida, por meio da capacidade cognitiva humana imersa no mundo fenomênico.
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