Contribuição das docências compartilhadas para uma educação emancipatória e antirracista
DOI:
https://doi.org/10.1590/S1678-4634202551287147Palabras clave:
Letramento, Filosofia afro-diaspórica, Cultura afro-brasileira, Etnomatemática, CurrículoResumen
No Brasil, a Lei nº 10.639/2003, que altera a Lei nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), abre possibilidade para o estudo da história e da cultura africana e afro-brasileira na educação básica e sua efetivação na prática, promovendo um espaço relevante de discussão e reflexão sobre as relações étnico-raciais na escola, bem como formas de superação do racismo estrutural. Este artigo debruçou-se sobre as docências compartilhadas desenvolvidas na Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Campos Salles, que propôs ações didáticas, tanto matemáticas quanto relacionadas a saberes socioculturais (letramento), a estudantes do ensino fundamental e da educação de jovens e adultos, em contraposição aos modelos verticais e hegemônicos de ensino. A intenção foi promover um diálogo com professores, alunos e arte-educadores a respeito da epistemologia africana e afro-brasileira, perversamente apagadas, para legitimar saberes invisibilizados, sobretudo por uma sociedade marcadamente colonial como a brasileira. A metodologia de pesquisa-em-ação orientou uma série de projetos pedagógicos aplicados em escolas públicas periféricas do município de São Paulo com vistas à construção de uma educação emancipatória e antirracista. Nesse contexto, é possível afirmar que tais práticas contribuíram para desmistificar discursos retóricos relacionados ao mito da democracia racial e à negação do racismo estrutural vigente nos diferentes contextos educacionais.
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